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    ENTREVISTA COM A JUIZA DRA. ELIETE DE FÁTIMA GUARNIERI

    Por ecliente25 de agosto de 2025Nenhum comentário19 Min de Leitura

    PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS

    HISTÓRRIAS DO NASSIF

    João Umberto Nassif

    Jornalista e Radialista

    ELIETE DE FÁTIMA GUARNIERI  e  ISABELLA GUARNIERI

    Eliete de Fatima Guarnieri nasceu em Piracicaba, é filha de Antonio Sérgio Guarnieri, piracicabano (ex-torneiro mecânico que se tornou empresário) e Lourdes Alves Guarnieri. Mineira de Monte Sião, ex-pespontadeira que passou a mãe e esposa em tempo integral. Sua infância e adolescência foram de poucas regalias, moravam em um bairro afastado do centro da cidade, foram anos de orçamento limitado ao básico. Eliete fez seus primeiros estudos na Escola Estadual Mirandolina de Almeida Canto, no Bairro Piracicamirim, o Curso Colegial ela realizou na Escola Estadual Prof. José de Mello Moraes. O curso preparatório para ingressar na faculdade ela fez no cursinho CLQ- Curso Luiz de Queiroz. Seu desejo era fazer o curso de Jornalismo, ela prestou um concurso no CLQ para concorrer a uma bolsa e como foi classificada em terceiro lugar, obteve um desconto de 80%. Nessa época conheceu o Marcos Roberto Gregório, seu futuro marido!

    A seguir a senhora prestou vestibular?

    Prestei o vestibular para entrar na Faculdade de Jornalismo, passei na UNESP, que era em Bauru. Fui para Bauru, mas não gostei da faculdade. Eu via os jornalistas com uma grande formação humana, quando cheguei na faculdade achei o curso muito técnico, pelo menos no início. A logística também era complicada, Bauru era longe, só tinha um ônibus por dia. A viagem durava cerca de cinco horas, era aquele ônibus que ia parando em muitos lugares. Mesmo ficando em Bauru durante a semana e voltando na sexta-feira. Era desestimulante! Acabei trancando a faculdade. Voltei ao cursinho, ganhei uma nova bolsa de estudos, e aí prestei Direito, que era a minha segunda opção. Passei na Universidade de São Paulo onde comecei meus estudos. No começo não gostei muito do curso. A minha paixão mesmo é a Literatura! O português, a Gramática! Mas pensei: “-Não vou desistir de novo! Vou prestar o que?”.

    A Faculdade de Direito a surpreendeu?

    Eu encontrei no Direito o que eu procurei no Jornalismo! Tínhamos muita leitura na faculdade, e eu passei a gostar do curso. Jamais pensei em tornar-me Juíza. Foi por acaso!

    Há um dito popular que diz: “Nada acontece por acaso!”!

    Eu acredito que é a profissão que nos escolhe! A minha intenção era a de ser Promotora de Justiça, eu via o Juiz como alguém muito passivo! Ficava ali no pedestal, esperando o desenrolar das exposições das partes. Quando pensei em ser jornalista buscava uma profissão em eu fosse mais ativa! Como Jornalista iria investigar fatos, era um sonho de juventude!

    Só que quando eu terminei a faculdade, prestei o concurso para o Ministério Público e já no primeiro concurso fui até a terceira fase, que era oral. Por falta de sorte, a terceira fase era por sorteio, e eu fui a primeira do primeiro dia! É muito tenso! No primeiro dia todo mundo vai assistir a prova. Fiz a prova, o Marcos e eu fomos viajar, em meio a viagem, liguei para o meu pai, ele disse-me: “O concurso que você está prestando foi anulado! Foi anulado por fraude!”. E realmente foi isso. O presidente da banca tinha um curso preparatório para concurso e de alguma forma, o resultado foi vazado para seus alunos. Descobriram, anularam todas as provas desde o início e recomeçamos todas as fases novamente. Nesse meio tempo abriu o concurso da Magistratura e eu prestei. Fiz os dois concursos juntos. O da Magistratura acabou primeiro, fui aprovada e consegui escolher Rio Claro, que é uma Comarca próxima. Eu queria ficar próxima a Piracicaba, não queria sair de Piracicaba, cidade que gosto muito.

    Em que área a Sra. atua?

    Eu estou em Santa Bárbara d`Oeste, desde dezembro de 2007. Minha Vara é Cívil, mas o nosso Cívil lá é acumulativo, também julga casos de família e até algum tempo atrás, Ações Previdenciárias também. Até 2015 tinha o Anexo da Infância e Juventude.

    Penal a Sra. Nunca atuou?

    Atuei com Penal no início da carreira, até novembro de 2020. A teoria de Direito Penal é encantadora, mas entendo que na área Cívil eu me adaptei muito bem.

    Cabe ao juiz tomar decisões que afetam vidas!

    Sim, as decisões têm um peso muito grande.

    Infelizmente a formação educacional vem se deteriorando, isso vai refletir no futuro?

    Vai ter reflexos! A nossa infância e juventude precisaria ser mais valorizada. Eu fui juíza da Infância e Juventude em Santa Barbara d`este. Eu tinha um anexo, na época eu tinha 7.000 processos Civil Família e 2.000 processos da Infância. Mas os 2.000 da Infância me davam mais trabalho! O Juiz da Infância precisa fazer um trabalho Extraprocessual importante!

    Isso já é até recomendação do CNJ – Conselho Nacional de Justiça: cada cidade com mais de 100 mil habitantes, deve ter uma Vara Exclusiva da Infância e Juventude. Eu estudei em Escola Pública em uma época em que ela já estava em declínio de qualidade. Português e matemática eu sempre gostei, sempre estudei muito, Química, Física e Biologia eu aprendi no Cursinho CLQ! Uma pessoa bem educada não será como você comentou: uma pessoa alienada. Dificilmente uma pessoa que cresceu com uma educação e ensino muito bons, irá praticar um crime ou descumprir um contrato. Quando você cuida da infância vai melhorar outras áreas. A criminalidade diminuirá, assim como o descumprimento de contratos. Mas a nossa infância não é valorizada! Acho uma pena isso!

    Essa introdução tem a finalidade de apresentar um pouco da sua trajetória e do seu pensamento na importante função que a senhora exerce. Gostaríamos de falar um pouco da escritora, que recentemente lançou mais uma obra literária.

    O primeiro livro que eu publiquei foi: “Quando o Estômago Grita”.

    E quando o estômago grita?

    Dra. Eliete dá um pequeno riso enigmático e responde: Nesse livro, o estômago grita por várias coisas diferentes, o estômago grita de medo, de fome, de amor, de desejo, de inveja.

    Eu imaginei que fosse só por ter fome!

    Teve um jornalista, que também é crítico literário, ele comentou comigo: “Você fala, eu percebi que na maior parte dos contos ele grita de angústia, é isso?”. Eu respondi reticentemente: É…”. Eu considero-o um livro mais visceral. O que eu queria, nesses contos, era demonstrar um desconforto estomacal mesmo! Seria um grito do estômago que certos sentimentos humanos nos provocam! Foi isso que eu mencionei!

    Isso foi produto de uma auto reflexão?

    Eu escrevo desde a adolescência, contos e poesias. Ainda jovem, participei da Oficina Criativa que foi realizada em Piracicaba, a Oficina Literária com Ignácio de Loyola Brandão, depois com a Márcia Denser, só que na época era muito difícil publicar um livro. Hoje é mais fácil. Eu até tinha montado uma novela infanto-juvenil, cheguei a enviar para publicar, mas eu não sabia como fazer isso. Pesou muito a questão econômica, era mais difícil. Passei na faculdade, fui morar em São Paulo, escrevi umas coisas esparsas, ia guardando tudo em uma caixa de papelão. Depois passei no concurso, e tem muito trabalho, o juiz tem muito trabalho, temos muitas metas para cumprir, é um trabalho insano. Tem muita leitura, eu comecei a ficar cansada só de ler processos, com isso fui abandonando a literatura. De vez em quando escrevia um texto, mas isso me angustiava! A ponto de às vezes eu me questionar: “Porque eu tornei-me juíza?”. E por que eu abandonei o meu sonho para ser juíza? São momentos em que divagamos, a carreira de Juíza foi uma conquista muito difícil, o concurso é difícil, e gosto do meu trabalho, apesar das dificuldades naturais da função. A magistratura é uma profissão que eu abracei e gosto. A Literatura para mim é uma paixão, não é uma profissão. Em 2020 surgiu uma pandemia, para mim foi muito complexa, como descendente de italianos, comecei a acompanhar os casos ocorridos na Itália, comecei até a assinar jornais italianos, para acompanhar o que estava ocorrendo, isso porque lá foi muito difícil no começo. A possibilidade de morrer pela pandemia era assustadora. Quando veio a medida obrigatória do bloqueio total (lockdown), como eu trabalho em Santa Bárbara d`Oeste, o fato de não ter esse deslocamento, deu-me uma sobra de duas horas. Entrei também no Clube de Leitura da APAMAGIS- Associação Paulista de Magistrados, esse clube de leitura iniciava-se às 10 horas em São Paulo, para mim era impossível participar! Eu não tinha condições de ir, saía do Fórum 19:30, 20:00 horas! Com o trabalho remoto, foi mais fácil! Era só abrir uma nova aba no computador! Voltei a ler com mais frequência. Eles abriram um curso de escrita criativa para os juízes, eu também entrei nesse curso. Começamos a ler, a trocar textos, o pessoal começou a gostar dos meus contos. Foram duas coisas que aconteceram: eu passei a ter mais tempo para dedicar a Literatura, mas também comecei a me questionar: “-Puxa vida! Com a pandemia, vai morrer todo mundo, e aí, eu realizei o meu sonho?”. Resolvi que não! Eu precisava realizar o meu sonho! Montei um livro, o primeiro, chama-se “Cacofagia”. Aí teve um concurso literário em nossa associação. Um dos julgadores era o escritor Mafra Carbonieri . (Mafra Carbonieri nasceu em Botucatu, interior de São Paulo, em 1935. Iniciou suas atividades ministrando aulas de literatura e língua portuguesa. Foi o primeiro professor no Brasil a relacionar o nome de Fernando Pessoa em um plano de curso de literatura e a estudá-lo em aulas sequenciais. Publicou 11 livros, pelos quais recebeu diversas distinções e prêmios nacionais e internacionais, entre eles o da Accademia Internazionale Castiglione de Sicília (2005) para o romance O Motim na Ilha dos Sinos, Prêmio Redescoberta da Literatura Brasileira pela Revista Cult (2001) e o prêmio Casa de Las Americas de Cuba (2003) para o livro de poesia A Lira de Orso Cremonesi, além de ter sido finalista do prêmio Jabuti de 1997 pelo livro de poesias Cantoria de Conrado Honório.

    O seu conto “Cacofagia” foi publicado?

    Isso me deu um incentivo para montar o livro! Nesse conto tem a frase; “Quando o estômago grita”, eu comentando que estava meio perdida com relação a que título deveria dar ao livro, o Marcos sugeriu: por que não O Estômago Grita? Então pensei: “Quando o Estômago Grita”! Eu já tinha preparado os contos para esse livro, eram contos antigos, que eu tinha escrito em 1992! E tinha contos de 2022, contos novos! Nos contos novos eu já tinha escrito a frase do Estômago Gritando. Nos antigos eu incluí essa frase, então nos contos desse livro, em todos eles aparecem uma frase do estômago gritando de algo!

    Existe uma teoria que afirma que escrever tem o efeito de uma sessão com um analista. A senhora concorda?

    Concordo! Para mim escrever é terapêutico! Quando vem a inspiração é muito bom! Normalmente a inspiração surge do ócio! Poesia, eu gosto de escrever à mão, quando vem a inspiração. É assim que eu escrevo. Contos também. Esse “Cacofagia”, mesmo conto que escrevi em um momento de inspiração e quando isso acontece, não importa a hora, tem que ir lá e fazer. O que também me provoca a vontade de fazer, às vezes é um assunto, que me causa uma certa necessidade em refletir sobre aquilo, e também provocar mais questões sobre aquilo. Mas já aconteceu também e tem um conto nesse meu livro “O Estômago Grita”, é um conto do qual os leitores gostam muito, é um dos preferidos do Mafra. Eu escrevi em uma proposta de exercício de escrita criativa, sentei e escrevi, não veio de inspiração. Também escrevo assim, mas eu gosto quando vem inspiração.

    Qual é a sensação que você tem quando lança um livro?

    É um sonho meu de adolescência! Hoje eu sou muito grata, principalmente a Deus, por ter conseguido realizar esse sonho! Até lançar o primeiro livro, isso foi em 2023, esperei 30 anos! Até mais, porque essa novela infanto-juvenil que eu não publiquei, acho que nem vou publicar!

    Por que não vai publicar?

    Na época em que escrevi foi interessante. No momento, acredito que tenho que usar o tempo com outro foco. Ontem eu estava comentando com o Marcos, meu marido, em 1º de agosto de 2018, há oito anos, fazia muito tempo que não chovia, e começou o dia com muita chuva. Atualmente eu tenho uma biblioteca em casa, isso era um dos meus sonhos. Quando eu era adolescente, o acesso a livros era difícil… entrei na biblioteca, me deu uma melancolia, aquela chuva e a vontade de publicar o meu livro. Eu até publiquei no Instagram: “Agosto Começa Com Chuva e a Vontade de Realizar Sonho”.

    Está no Instagram?

    Coloquei até uma foto, e a frase:” Sete anos depois, agosto começou com sol e o meu sonho realizado!” Endereço do Instagram: @elietedefatimaguarnieri

    E qual é o próximo livro?

    O próximo livro acho que vai demorar um pouco! Conto eu começo e termino na hora, claro, depois eu reviso, deixo descansar um pouco. Romance já é um processo mais lento.

    Já existe um perfil do romance a ser escrito?

    Tenho! Mas é muito cedo para revelar!

    Você tem uma filha, como ela vê a mãe como escritora?

    Eu nunca imaginei que a minha filha fosse ser escritora! Eu leio para ela desde quando eu estava grávida! Atualmente ela está com 18 anos. Desde quando ela era bebê eu lia historinhas para ela! Lí muito para ela. Quando ela começou a ler, líamos juntas! Ela cresceu em meio a música e a Literatura. Ela gosta muito de cantar também. Eu até brinco, a minha mãe tinha o sonho de que eu fosse costureira, e eu não sei nem pregar um botão! Eu tinha o sonho de que a minha filha fosse cantora erudita! Cantora de Ópera! Ela canta, inclusive tem composições dela, só que quando começou a pandemia, ela começou a escrever também. Ela viu que eu estava montando um livro e disse-me: “-Mamãe, estou escrevendo um livro!”, mas ela não me mostrou o dela! Por dois anos ela ficou escrevendo, quando ela terminou, ela me mostrou o último capítulo! E eu olhei! Aí nesse meio tempo eu publiquei meu primeiro livro. Depois disso, ela me mostrou o dela, eu fiz a revisão, tanto que tinha 400 páginas e ela foi cortando.

    O livro da sua filha estava com 400 páginas!

    Exatamente! Mas ela não queria publicar o livro, achava que não era bom! Eu disse a ela: “-Não faça como eu, não espere trinta anos para publicar o seu livro!”. Insisti muito com ela, fui atrás de editora. E ela publicou o livro! Meio a fórceps! O livro dela foi finalista no Prêmio Jabuti, na categoria “Romance- Autor Estreante”. Eu disse-lhe: “-Não sou só eu que acho que o seu livro é bom! A crítica do Jaboti, que é o maior prêmio literário do Brasil também achou!”. Ela aceitou que ela escreve, depois ela publicou um livro de poesias também. Publicamos juntas, eu publiquei o meu e ela o livro dela. Para mim foi uma surpresa que ela tenha partido para a literatura, fiquei muito feliz com isso, eu não esperava, ela não comentava que gostasse de escrever, ela ficou quietinha no mundo dela, escreveu esse livro, me mostrou só depois, só que o estilo dela é muito diferente do meu, sou realista, minimalista. O dela é um estilo mais imaginativo, é interessantíssimo também!

    Autores de outros países tem uma tiragem expressiva, viram best-sellers, o marketing deles é melhor ou o livro é excelente?

    Acredito que há ótimos escritores de todas as línguas, mas eu já comprei best-sellers , li, e achei de péssima qualidade! O Brasil já não tem o habito da leitura, o português não é uma língua fácil e nem conhecida, como o inglês, que as pessoas procuram estudar. O grande desafio , hoje, é alcançar o leitor.

    As suas tiragens giram em torno de quantos volumes?

    O meu primeiro livro “Quando o Estômago Grita” foram 1.000 volumes.

    Para o Brasil é um volume significativo, tratando-se de uma primeira publicação, de uma nova autora!

    Um editor argentino afirmou que no Brasil nossa tiragem é pequena, já que ele normalmente edita 10.000 livros. Só que o público leitor em espanhol é bem maior. Nossas edições em português praticamente são restritas ao Brasil. Existem autores brasileiros que tiveram suas obras traduzidas em diversos idiomas. Mas já é outro universo.

    O interessante é que eu publiquei um livro de contos, um gênero menos apreciado no Brasil! Tem exceções, como por exemplo, Dalton Trevisan.

    Em Piracicaba você tem um público bom?

    Em Piracicaba sim! Quando fiz o meu primeiro lançamento, não tinha a menor ideia do número de pessoas que iriam comparecer. Para minha grande surpresa compareceram mais de 300 pessoas. Marcos, meu marido é o grande responsável pela divulgação!

    Como Marcos, seu marido, vê você como escritora?

    (Risos) Quando nos conhecemos no Cursinho, a Simara, que era a professora de redação, colocava em um mural as redações, já tinha textos meus que ficavam expostos lá, e então ele lia e começou a me chamar de “Guarnierinha”. Ele já lia os meus textos quando éramos amigos, nos conhecemos em 1992. Começamos a namorar em 1995. Meu pai gostava muito do Marcos, ele tinha o objetivo de ser juiz, meu pai achava linda a magistratura. O Marcos é um bom crítico, alguns textos ele acha fortes, meu livro de poesias dediquei a ele. É um livro bilingue: Português e Frances.

    Você escreve em francês também?

    Escrevo! Comecei a estudar francês em 1992 e não parei mais!

    Você se dedica a música também?

    Eu não sou musicista profissional! Comecei a aprender piano aos 9 anos. Pedi ao meu pai, para que eu pudesse fazer aulas particulares. Por coincidência, a filha do chefe dele, a Valquiria Calil, era professora de piano e me deu aulas por um custo bem módico. Meu pai ia trabalhar, me deixava na casa dela às 7 horas da manhã e ia me pegar na hora do almoço. Por seis anos estudei piano, e por um período aluguei o instrumento de uma vizinha. Só que chegou a um ponto em que eu precisava ter o meu próprio. Meu pai tinha um terreno, ele o vendeu e com a metade do valor adquiriu o meu piano! Aí comecei a tocar bastante, tocava 5 horas por dia! Tive contato com a Cecília Bellato, no último ano na Escola de Música era o ano em que eu estava fazendo cursinho. O Marcos ia me assistir na Escola de Música.

    Você dava concerto na Escola de Música?

    Dava! Quando tinha as audições! Cheguei a participar do coral com o Maestro Mahle. Fiz parte do Coral da Escola de Música. Quando eu fui para São Paulo, eu não levei meu piano, com isso fui parando de tocar! Depois que entrei na magistratura também já não tinha tempo. O que mudou é que hoje tenho 25 anos de carreira, tenho outra experiência. O que no inicio levava três horas para fazer hoje faço em meia hora! Hoje produzo mais em menos tempo! Quando eu fiquei grávida da Isabella meu pai me deu um piano digital, na época eu morava em apartamento. Aí eu comecei a tocar músicas mais simples, a Isabella estava com quatro anos. Mudamos, e em fevereiro de 2013 o Marcos me deu um piano de cauda. Era o meu sonho! Só que eu olhava para ele e não tinha tempo para tocar. Dei um jeito de tocar aos finais de semana, à noite, voltei a ter aulas com a Cecília. Em 2018 comecei a ter aulas com Órgão de Tubos, toco na Catedral, todo 3º domingo do mês, às 10:30.

    Os Magistrados que trabalham no mesmo Fórum, como olham a juíza que é escritora, musicista?

    Muitos não sabiam! Quando fui juíza em Rio Claro conheci o Juiz José Fernando Seifarth de Freitas, que é músico também, ele é praticamente um músico profissional, tem um talento imenso. A Isabella com 4 anos começou a ter aulas com a Cecília. A Isabella é musicista, compositora e cantora, só que não gosta que fale sobre seus talentos! As músicas dela são em inglês. Ela compõe, escreve as letras e canta.

    É interessante essa sua relação da literatura com a música clássica!

    Tanto na poesia como no conto eu busco sempre a musicalidade! Depois que eu escrevo, eu gosto de ler em voz alta os meus textos, para ver como isso soa. Talvez isso venha da música! A minha família não é de músicos! Eu quis aprender a tocar piano porque via na televisão! E achava bonito! O meu tataravô, Guarnieri, veio de Bovolone, uma cidadezinha próxima de Verona, ele veio para o Brasil em 1892, e em Verona tinha uma família Guarnieri que fabricava violinos. Quando esse meu tataravô veio da Itália, seu irmão Ricardo Guarnieri veio junto, na época ele tinha 22 anos e o irmão 17, eles se perderam no Porto de Santos. Eu não sei se esse irmão foi para Tietê, onde nasceu Camargo Guarnieri.

    Como você define a sua literatura?

    A minha literatura é uma literatura realista, procuro manter sempre a forma realista, o meu propósito como escritora é provocar a reflexão do leitor. Não é uma literatura de entretenimento. Tanto que tem textos muito fortes. A intenção é provocar a reflexão.

    O Marcos me perguntou por que me deu vontade de escrever? Foi quando conheci Machado de Assis! Considero-o um dos melhores escritores do mundo! Ele escreve em português, por isso é menos conhecido! O Mafra Carbonieri é um autor realista naturalista do qual eu gosto muito e conheci só em 2020, é um autor que admiro muito. Os meus livros, que formam uma trilogia, recomendo que sejam lidos na ordem: “Quando o Estômago Grita”, “Quando a Alma Viaja” e “Quando o Coração Sangra”. Eliete de Fátima Guarnieri publicou seu quarto livro “Minueto em Versos”, em edição bilingue. São 35 pequenos poemas, minuetos de palavras.

    Na herança dos pais está a luz dos filhos; quem se assemelha aos seus não se desvia da honra. Essa frase milenar e solene, mostra como é importante o ambiente familiar. Respirando cultura da melhor qualidade, regada com muito amor e carinho, Isabella Guarnieri, nome que a autora usa em seus livros, a filha do casal, Isabella Guarnieri Gregório, discretamente, escreveu duas obras: “Ermitões Bucólicos” e “A Psicodélica Mente de Vênus Syems”. Sendo que este último livro foi finalista do mais tradicional prêmio literário do Brasil, instituído em 1956, destacando-se como a maior distinção literária no Brasil.

    Em resumo, Eliete de Fátima Guarnieri, conseguiu tornar-se uma autoridade judiciária, uma musicista talentosa e uma escritora que questiona o inconsciente coletivo, além de ter constituído uma sólida família.

     

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