PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 01 de julho de 2017.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

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ENTREVISTADA: JOSIANY LONGATTO (SHIMLA)

 
Nascida a 24 de agosto na cidade de Piracicaba, na época moradora do bairro Vila Rezende, Joniany Longatto que tem o nome artístico de Shimla, é filha de Maria Calderan Longatto e Ari Longatto, que tiveram os filhos Josiany e Robson.  Iniciou seus estudos na escola SESI 85 que funcionava nas dependências da Escola Baroneza de Rezende onde cursou da primeira até a oitava série. A seguir estudou no Instituto Sud Mennucci, nessa época estudava em duas escolas, durante o dia no Sud Mennucci e a noite no Colégio Técnico em Contabilidade no Instituto Piracicabano. É formada em Ciências Contábeis pela Unimep.
O que a levou a estudar Ciências Contábeis?
O meu pai sempre foi empreendedor, a sua última empresa era uma mineração de calcário. Era o objetivo dos meus pais que eu ajudasse na administração da empresa. Aos dezessete anos entrei na faculdade de onde saí com vinte e um anos.
Após formar-se como Técnica em Contabilidade e em Ciências contábeis, você dedicou-se a profissão?
Foi uma fase em que senti que a dança começou a me atrair. Tomei consciência da veia artística que existia comigo. Era uma época em que não havia muito incentivo para as artes, eu sempre gostei, desde criança, de cantar, dançar. Cursei Balé Contemporâneo com o professor Ado Ravelli, no Clube Atlético Piracicabano. Era uma atividade que eu gostava, só pude fazer quando já tinha como escolher o que desejava, na época era uma atividade tida como supérflua. Havia a preocupação dos pais de que os filhos tivessem uma profissão que proporcionasse um futuro mais estável financeiramente.
Só que o encanto da dança tomou posse dos seus sentimentos?
A dança sempre esteve presente em minha vida. Até que com uns dezesseis anos fui a Festa das Nações e pude ver uma bailarina de dança do ventre. Ela era de São Paulo. Eu estava com um amigo Wagner Sturion, escritor, poeta. Ele escreveu uma peça de teatro chamada “Sonhando Acordado”, fui convidada por ele para ser a protagonista, em resumo a história era sobre uma menina humilde cujo sonho era realizar a Dança do Ventre. Nessa época eu fazia parte do teatro “Cochixo na Coxia” da Unimep. O diretor era José Antonio da Silva, o Chapéu.
ESQUETE TEATRAL “COCHIXO NA COXIA”
                                                    José Antonio da Silva, o Chapéu.
A dança do ventre atraiu você, pode-se dizer que a hipnotizou?
Passei a estudar dança do ventre com a síria Dona Marie Massuh Nimeh, que foi homenageada pela Câmara Municipal como a pioneira a dar aulas de Dança do Ventre em Piracicaba, ela morava em Piracicaba e me ensinou a dançar, pesquisar, eu ia a sua casa quase todos os dias nós pesquisávamos muito a respeito da dança, esse relacionamento transformou-se em uma grande amizade, tal como uma mãe e filha. Ela ia comigo e ficava até as madrugadas nas Festas das Nações! Me via dançar, apoiava muito. Quando eu comecei a dançar na Festa das Nações, fui convidada em 1994, até então quem dançava era Samira Samia uma das preletoras da dança do ventre no Brasil, um ícone da nossa dança, grande mestra. Fiz muitas aulas com ela. A filha dela está assumindo o Mercado Persa, que tem repercussão mundial, hoje tem a denominação de Congresso Internacional de Dança, Arte e Cultura Árabe. Começou no Clube Kolpinghaus e hoje está no WTC Events Center em São Paulo. Consta no Guiness Book como o maior evento de Dança do Ventre do Mundo. São três dias inenterruptos de danças com até cinco palcos simultâneos. Há competições de todos os tipos. Workshopping, vendas de produtos.



                     Apresentação da professora de dança, dançarina, coreógrafa Josiany Longatto

Você incorporou a cultura árabe?
De certa forma me sinto um pouco árabe. A minha “mãe” árabe que é a Dona Marie Massuh Nimeh, quando ela me acompanhava todo mundo achava que ela era realmente a minha mãe. Tinhamos uma relação de carinho muito grande. Ela era viuva, mãe de três filhos, não era bailarina, embora ela já tenha falecido, mantenho contado com seus filhos e famílias, para mim é como uma família.

Publicado em 23 de jul de 2015
Josiany Longatto e Isadora Neves partilham a beleza e a emoção da dança no Sarau Literário Piracicabano em 14 de Julho de 2015 nas de pendências do Museu da ESALQ- USP Ana Marly de Oliveira Jacobino Jacobino

Publicado em 1 de out de 2015
Apresentação de Dança de Isadora das Neves e Julia Rodrigues (alunas de Josiane Longatto – Shimla) em 22 de Setembro na Semana Cultural da Esalq_ USP no Sarau Literário Piracicabano Ana Marly de Oliveira Jacobino Jacobino

                                       
                                                          Super Noites no Harém

Samira Samia – Uma carreira Ímpar

                                              Shalimar Mattar – espada e véu
^                                                                Véu Fan
Você tem um nome artístico?
O meu nome artístistico é Shimla, quem me deu esse nome foi a Lú Gorelli, ela me chamava para dançar na casa dela, um dia fui dançar na casa da sua irmã, foi uma festa muito importante, tinha diversos estilistas, o jornal Correio Popular de Campínas entrou em contato com ela, queria saber qual era o nome da bailarina, saiu a minha fotografia na coluna social, ela encontrou esse nome em um livro que tinha lido. Na época era chique ter um nome artístico. Acabei adotando esse nome. Na realidade Shimla é o nome de uma cidade da Índia, nem é árabe! A grafia está correta com o “m” antecedendo uma letra consoante, que no nosso idioma antecederia uma vogal. O significado desse fonema é “Botão de Flôr”.
Existe vários tipos de danças árabes?
Existem vários estilos! Costumamos dizer que existem mais de 5,000 ritmos, os mais conhecidos são cerca de 350 ritmos. Nós bailrinas dançamos os básicos. Com vários acessórios, temos a dança do bastão, smujs, do pandeiro, cimbalos,cimitarras (ou espadas).
Quantos anos levou para você atingir esse nível de perfeição na dança?
Este ano estou completando 25 anos de profissionalismo desde a minha primeira dança em 1992.
A dança é a sua profissão?
É a minha profissão! Trabalho só com isso. Vivo de arte!
Quantas dançarinas existem hoje em Piracicaba?
Não sei informar com precisão, mas sei que existem muitas. Formei professoras, elas já montaram suas academias, estão formando suas alunas. Eu me especializei na área, fiz vários cursos, workshops profissionais, tive aulas com professoras renomadas internacionais que vieram ao Brasil, do Egito, dos Estados Unidos, Argentina.
Há alguma alimentação restritiva para manter-se em forma?
Não, eu como muito bem! As minhas aulas são suaves, a pessoa não se cansa muito mas gasta bastante energia.
Tem homem que pratica a dança árabe?
Existe. Hoje temos as danças folclóricas específicas para o homem esse tipo de dança está sendo muito difundida. Em especial a Dança do Ventre é feita para a mulher, em seu benefício, tanto em sua saúde como em sua função energética e sexual da mulher. Facilita a sua parte reprodutiva, parto, existe uma filosofia que está anexada a essa dança. Hoje já existe concursos para danças masculinas folclóricas e para Dança do Ventre masculina.
A Dança do Ventre é uma ginastica eficiente?
Em minha opinião é a melhor ginática para a mulher.
A partir de que idade a mulher pode iniciar a dança?
A Dança do Ventre é uma dança que não tem impacto, qualquer pessoa pode fazer desde que não tenhe nenhuma restrição médica. As que mais estão me procurando estão na faixa de 40 a 50, 60 anos. Já dei aulas para mulheres na casa dos 70 anos. Inclusive tem uma que dançou comigo uma dança egipcia chamada Meleah Laff.
Existe esposas que tomam aulas de danças para apresentarem a seus maridos?
Existe! Nesse caso geralmente elas tomam aulas particulares. Monto uma coreografia, ensino a pessoa a colocar um pouco da sua improvisação pessoal e dou algumas dicas. Geralmente trata-se de uma comemoração muito especial, um aniversário, aniversário de casamento. É uma dança muito especial, para um momento especial. Jamais vulgarizando a dança. Isso tem sido ultimamente divulgado de forma erronea pela mídia, em especial pelas novelas. A origem da Dança do Ventre é uma dança sagrada, era feita apenas pelas sacerdotisas nas pirâmides sagradas. A mulher dançava apenas para o homem que ela tinha escolhido para ser o pai dos seus filhos.
Uma jovem que queira manter a saúde em perfeito estado, sem submeter-se a rotina de aparelhos de academia, ela pode usar a dança como um meio?
A Dança do  Ventre é uma prática prazeirosa, a pessoa gasta energia, fortalece a musculatura, afina a cintura, faz alongamento, melhora apostura, aumenta sua auto estima, podemos trabalhar terapêuticamente para a mulher se ver mais bonita. Através das roupas, maquiagem, das danças de apresentações. As que não queiram apresentarem-se em público fazemos eventos entre nós. Só com mulheres. É um ambiente onde encontra-se uma energia muito boa. A Dança do Ventre promomove uma auto-cura. Ela é terapeutica. Trabalha com respirção e movimentações que você pode liberar mágoas. Liberar couraças musculares, energias travadas.
O fato de ser uma dança milenar não é obra do acaso?
Ela não está voltada apenas para a parte produtiva, mas para o corpo como um todo. Eu trabalho não só como uma dança, mas como um todo. Tenho comigo, que o que faço é uma missão, a principio eu não tinha nada para voltar-me à dança, tornei-me pioneira da Dança do Ventre em Piracicaba, algo que nunca imaginei, sequer planejei. Acredito que isso tenha sido colocado em minha vida, por um poder superior, para resgatar a feminilidade das mulheres, resgatar a dança como dança sagrada, que ela é. Lembro-me que estava na época do Tcham, e as criancinhas dançando o Tcham. Foi quando dedicidi dar aulas para crianças, iniciei dando aulas na Creche Branca Azevedo: ensinava postura, delicadeza, acessórios de véu, coisas para crianças, para tirar a vulgaridade da dança do Tcham, criei um método especial para crianças que é diferenciado do adotado para adultos.
Existe uma simbologia na dança com véus?
Existe a lenda dos sete véus, dos sete portais, sete maravilhas do mundo. Há uma profusão de alusões. É mais lendário do que específico e técnico. Na época em que estudei não existia a internet, a Dona Marie importava vídeos, eu estudava através deles, direto da fonte. Estudava os movimentos das melhores bailarinas, muito renomadas, que estão vivas até hoje. Comecei a dançar como elas. Depois é que fui fazer cursos, até então eu só sabia dançar, com os cursos passei a ter condições de dar aulas. Não imaginava que iria ser a minha profissão.
A bailarina desperta a fantasia masculina?
Esse é um cuidado que sempre zelei em ter. A roupa necessita mostrar partes do corpo para mostrar a dança. Não é para mostrar o corpo de forma vulgar. Há ocasiões em que a dança usa roupas fechadas. Dancei muito para a Sociedade Sírio-Libanesa, fiquei vinte anos lá, dei aulas, A Dona Marie Massuh era de lá. Conheci todas as pessoas da entidade, sinto-me parte dela.
Quando uma dançarina põe-se a dançar modifica o ambiente, qual é a explicação?
A Dança do Ventre tem uma energia diferente, e não é só porque seja sensual. Embora o sensual seja sagrado.
O olhar de uma dançarina é diferente, ele é quase hipnótico.
Você conquista o publico através do olhar, o seu olhar é a sua conexão com o público. O olhar é a janela da alma. Um determinado diretor de um famoso clube social de Piracicaba, em uma ocasião, após apresentar-me dançando, disse-me: “Você sabe onde está sua sensualidade? No olhar! Você pode cobrir-se todinha para dançar!”
Isso para quem já assistiu a diversas apresentações sabe que não é uma característica exclusiva sua.
Na Dança do Ventre, nós incentivamos a mulher ter sua sensualidade natural. Não vamos aguçar a sensualidade. Vamos resgatar a sensualidade natural da mulher. Quando a mulher tem a sensualidade acentuada a Dança do Ventre equilibra os hormônios. Eu sei o que eu faço, sempre danço para reverberar a Luz, a positividade, transformar as energias, deixar o ambiente alegre, essa é a função da bailarina. Animar a festa! Qualquer dança libera a serotonina!
Você sabe aproximadamente quantas apresentações já realizou?
No inicio eu anotava, mas com o passar do tempo, o número de apresentações aumentou muito e eu deixei de anotar. Guardo maços de jornais e revistas onde há fotografias e referências ao meu trabalho. Já dei aulas em todos os clubes de Piracicaba e nas melhores academias. Apresento-me em Piracicaba, região, São Paulo, onde me contratarem. Já dancei na Casa de Chá Khan el Khalili que na época era a melhor casa de chá do Brasil, atualmente já existem outras. Para dançar lá tinha que passar por uma pré-seleção muito grande. Participei da primeira seleção, depois passava por uma segunda seleção e se aprovada era contratada. A banca tinha mais de 12 profissionais, bailarinas renomadas de São Paulo. A Casa de Chá Khan el Khalili tinha como proprietário Jorge Sabongi, onde estudei também. Está escrito na porta que é a Casa da Arte da Dança do Ventre. O público alvo, e quem mais gosta de lá são as mulheres.
Você já teve convite para ir para o exterior?
Fui pré-selecionada para ir para a Espanha e para uma temporada de seis meses em navio cruzeiro. Quando ia assinar o contrato meus pais ficaram preocupados. Achei por bem não aborrece-los. Seria o inicio de uma carreira internacional. Isso foi em 2004, o diretor disse-me: “ Josiany se você for não irá voltar mais, é a melhor bailarina que estará presente”.
Isso é uma demonstração de grande maturidade, de quem põe seus valores acima do sucesso a qualquer preço.
A Dança do Ventre veio em um “boon” mundial, no ano 2000, para a mulher resgatar a sua feminilidade, seu valor em sua essência feminina. Um valor que estava sendo perdido no dia a dia em busca da igualdade entre o homem e a mulher. Eu acredito que devemos ser tratados de forma igualitária, porém temos que respeitar a natureza de cada um. O homem e a mulher tem energias diferentes. Complementam-se. Não são competidores.
Você dá aulas prticulares e para grupos?
Dou aulas particulares, para grupos de pessoas, academias, clubes.
Após você ter tomado a iniciaiva em divulgar a Dança do Ventre em Piracicaba houve mudanças nesse aspepecto?
Em 1999 fui a quarta colocada no Concurso Profissional no Mercado Persa, esse evento que é o maior do mundo. A partir daí a Dança do Ventre em Piracicaba cresceu muito.
Piracicaba reconhece o seu trabalho?
Já fui homenageada na Semana da Cultura Árabe que se deu na Câmara Municipal, o Professor Elias Sallum concedeu-me uma medalha comemorativa de Honra ao Mérito pelos meus trabalhos de dança e promoção da cultura árabe.
Quem quiser saber como se sente pode fazer uma aula experimental?
Pode fazer, basta entrar em contato comigo atravez do telefone (19) 9 9736.5060. A primeira aula é gratuita.
A pessoa que tem uma vida sedentária, coluna travada, pode sentir-se melhor com a dança?
Inicialmente tem que ter o aval de um médico, mas a Dança do Ventre ajuda a articular a coluna vertebral. O movimento de ondulações faz com que as vértebras fiquem mais “soltas”. Qualquer pessoa pode estar fazendo, mesmo que esteja acima do peso. Há algumas pessoas que dizem: “Ah! Não é para a minha idade!”. Isso não é verdade! A Dança do Ventre ajuda e muito!
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