PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 2 de julho de 2016.

Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: FRANCISCO GALVÃO DE FRANÇA




Francisco Galvão de França nasceu a 23 de janeiro de 1970 no Rio de Janeiro, é filho de Antonio Santana Galvão de França e de Maria Carlota Toledo Arruda Galvão de França que tiveram sete filhos: Maria Alice, André, Ana Cecília, Maria de Fátima, Maria Inês, Francisco e Maria Carlota. Seu pai trabalhava na Bolsa de Valores do Rio de Janeiro.

Você iniciou seus estudos em qual escola?

Estudei na Escola Grumete, no Grajaú. Em 1978 meus pais mudaram para Jaú, cidade de origem da família dos meus pais. Em Jaú estudei na Escola Estadual Dr. Lopes Rodrigues, aos 10 anos mudei para a Escola Estadual Major Prado onde permaneci por três anos. Na oitava série mudei para o Instituto Lourenço de Camargo, o primeiro colegial eu estudei no Colégio Objetivo, o segundo colegial estudei na Fundação Educacional de Jaú e conclui o terceiro colegial no Colégio Objetivo.

O próximo passo foi ingressar na faculdade?

Sou formado pela FATEC como Tecnólogo em Operação e Administração de Sistemas de Navegação Fluvial. É um curso de engenharia para transporte fluvial. Estudei por dois anos na Universidade Federal de São Carlos onde fiz o curso de Imagem e Som. Prestei um concurso e em 2001 ingressei no SESC para trabalhar.  Hoje sou Coordenador de Programação do SESC Piracicaba.

Quais são as atribuições do Coordenador de Programação?

Posso dizer que faço o que um editor de jornal faz. No jornal tem as editorias: cidade, esportes, e outras, aqui no SESC têm teatro, cinema, literatura, tecnologia e artes. Eu edito a programação mensal do SESC Piracicaba. O trabalho de programação é feita por outros técnicos a semelhança dos jornalistas das editorias de jornais. Montamos a programação junto com os técnicos e edito o que irá ter naquele mês. Claro, sempre respeitando as sugestões dos técnicos, tento adequar alguns projetos que são apresentados.

Há uma diretriz vinda de esferas superiores?

Sim, há em São Paulo as gerencias técnicas. Temos por exemplo a Gerencia de Ação Cultural, onde temos as pastas de literatura, cinema, dança, circo, teatro. A GAVT é a Gerência de Artes Visuais e Tecnologias as exposições que realizamos aqui passam por lá, assim como os projetos de cultura digital. Estamos em constante diálogo com essa administração central, com as gerencias técnicas, o diretório regional é em São Paulo, cada diretório regional tem uma autonomia de gestão. O diretório regional responde ao diretório nacional que fica no Rio de Janeiro. O diretor regional de São Paulo é Danilo Santos de Miranda.

Quantos funcionários estão sob sua coordenação?

São em torno de 25 colaboradores, na parte cultural. Existe a área esportiva que é administrada por outro coordenador, com dois monitores e onze instrutores. O SESC Piracicaba conta ainda com Odontologia, o programa Mesa Brasil. Há uma coordenação de comunicação, outra administrativa, de alimentação, de infra-estrutura.

O seu ingresso no SESC foi em Piracicaba?

Entrei no SESC Araraquara. Trabalhei uma primeira vez aqui que foi de 2006 a 2010, fui para São Carlos onde trabalhei de 2010 a 2013, e voltei para Piracicaba.

Dentro da programação cultural do SESC hoje há muitos projetos?

Há diversos projetos sendo realizados, acabamos de fazer a programação para 2017. Temos que apresentar até o final de julho toda essa programação para 2017.  Temos que considerar que no ano que vem Piracicaba estará completando 250 anos. Existem alguns projetos que tentam potencializar essa data. Há vários projetos: Astronomia com Filosofia, projeto do Adriano, um Festival de Artes Para Crianças, da Vanessa, há um projeto grande que irá envolver todos os técnicos que tenta abordar a vanguarda em suas diversas linguagens, como uma expressão artística pode ser vanguarda bebendo na cultura popular. Um exemplo disso é o Manguebeat que nasceu em Pernambuco, uma veia musical, um movimento musical, que bebe no maracatu, foi extremamente inovador por mesclar uma linguagem pop, moderna, com o maracatu. A idéia um pouco desse projeto é o que iremos fazer no ano que vem em março. (O Manguebeat foi um movimento musical, e cultural por extensão, surgido no início da década de 1990, na cidade do Recife, sendo resultado de uma série de eventos que começaram ainda no final da década de 1970 e início da década de 1980).

Para os 250 anos de Piracicaba já existe algo programado, pode adiantar alguma coisa?

É uma idéia que nasceu da UNIMEP, da SEMAC – Secretaria Municipal da Ação Cultural de Piracicaba de compor uma comissão de instituições para pensar os festejos de 250 anos, o SESC tem a intenção de participar dessa comissão. Pensarmos juntos alguns projetos. A idéia é abranger várias áreas, uma delas é questão ambiental.

Quais faixas etárias participam dos projetos do SESC?

Todas as faixas etárias participam, de zero a cem anos! Temos o Espaço Brincar que é para crianças de zero a seis anos, Curumim, que é de sete a doze anos, o Projeto Jovens, voltado à adolescentes. Temos a programação voltada às famílias, o Teatro Infantil. Shows para estudantes, adultos, comerciários. O SESC tem uma programação voltada principalmente para o comerciário. Trabalhador do comércio e das empresas prestadoras de serviços. Setenta por cento dos matriculados aqui são pessoas que trabalham no comércio. Isso não impede, por exemplo, que você mesmo não pertencendo a uma dessas categorias possa participar de uma determinada atividade, para isso basta fazer a Credencial Atividade. É específica para aquela determinada atividade.

Quantos associados existem hoje no SESC Piracicaba?

São mais de 40.000 matriculados! O SESC Piracicaba tem uma região de influencia que abrange 31 cidades. Um universo próximo de dois milhões de pessoas. Os shows atraem muito público de cidades vizinhas. No próximo dia 7 de julho estaremos recebendo a banda Titãs.

O SESC busca novidades em outros países?

Isso é feito mais pela Administração Central em São Paulo. Agora em agosto teremos o SESC JAZZ & BLUES. Trará músicos americanos, é um projeto institucional, pensado pela Administração Central junto com as unidades. Os artistas internacionais circulam pelas unidades do interior.

O jovem em particular, está sofrendo uma grande influência da mídia de consumo, aqueles que freqüentam o SESC recebem uma abertura de visão para perspectivas próprias?

Essa é parte da nossa intenção. Sempre abrir novas perspectivas para as pessoas que freqüentam o SESC. Conhecerem filmes músicas, criar publico para ampliar o repertório dessas pessoas. Muitas dessas atividades oferecemos gratuitamente. O cinema de terça feira e domingo são gratuitos. O Teatro Infantil aos sábados a tarde é gratuito.

Isso mostra que o SESC não é um clube fechado, exclusivo para comerciários?

Muito pelo contrário! Os shows grandes têm um valor cobrado que é menor para o comerciário, o Titãs, por exemplo, temos três valores: R$ 40,00 para entrada inteira, R$ 20,00 para estudantes, professores, terceira idade e R$ 12,00 para quem é matriculado. Mesmo para quem não é matriculado o valor cobrado é razoável. A intenção do SESC não é lucrar e sim levar cultura para a população em geral, principalmente para o comerciário, de modo que ele amplie seu repertório em todas as áreas da expressão artística. O mercado massifica e a nossa intenção é levar para as pessoas outros tipos de cinema, teatro, danças, para ela saber que pode gostar de outras coisas além daquilo que está nos veículos de massa.

O SESC oferece cursos pela internet?

Oferece! Temos o curso de Games agora em uma parceria com uma universidade do ABC, são cursos gratuitos. A nossa sala de informática chama-se Espaço de Tecnologia e Artes, aqui qualquer pessoa identificando-se pode freqüentar, sem nenhum custo. Temos de forma intensa as oficinas que se baseiam na internet, usam a WEB.

Como é feita a divulgação das atividades do SESC?

Temos o caderno mensal, que fica disponível para quem quiser, divulgamos pelo portal do SESC  sescsp.org.br/piracicaba onde tem toda a programação e tem a nossa assessoria de imprensa que está sempre divulgando os cursos e oficinas que oferecemos.

Todos os cursos são gratuitos?

Grande parte! A GMF – Ginástica Multi Funcional é cobrada, ela tem as esteiras, bicicletas, para fazer ginástica. Alguns serviços são cobrados. Muitas das nossas atividades são gratuitas.

Vocês desenvolvem uma atividade muito intensa com as pessoas da terceira idade?

O SESC é pioneiro no trabalho com a terceira idade no Brasil. É um trabalho de décadas, um trabalho modelo. Há viagens que são programadas, pagas de forma parcelada. A pessoa estará indo com pessoas com interesse em comum. É aberto a todo o público, além de pessoas da terceira idade às vezes jovens também fazem essas viagens. Temos uma agenda de eventos com muitas atividades voltadas à terceira idade.

O SESC está lançando mais um projeto inovador?

Denominamos provisoriamente como REDE, a intenção do SESC era mapear todas as bibliotecas comunitárias existentes na cidade e também das ações de incentivo à leitura. É uma idéia antiga que eu tinha de criar essa rede. Tudo que eu faço aqui é da instituição.  O intuito é que essas instituições se conheçam e criem ações em conjunto para ampliar o número de leitores em Piracicaba.

O brasileiro tem o habito de ler?

Ao que consta, uma pesquisa recente afirmou que em média o brasileiro lê quatro livros por ano. Em escala mundial é um índice baixo. A Unesco recomenda que a cidade tenha dois livros por habitante. A idéia da REDE é fazer essas discussões. Fortalecer quem está trabalhando com o livro e com a leitura em Piracicaba. A primeira reunião ocorrida recentemente tinha trinta participantes, foi representativa: tinha pessoas da UNIMEP, da ESALQ, da Diretoria de Ensino, das Bibliotecas Comunitárias, do SESI, do Recanto do Livro, espaço literário e cultural do Lar dos Velhinhos, colégios particulares. Ficamos felizes pela representação do grupo. É uma idéia que está nascendo e estamos com esperança de que ela se fortaleça que nasçam daí vários projetos conjuntos de fomento a leitura, de coletas de livros ou feiras de livros. O que o grupo propor, a idéia é pensar juntos ações de leitura. Ampliação do acesso da população ao livro.

Quem não participou dessa primeira reunião pode vir a participar?

Claro! Está aberto! É um grupo que pretendemos que seja permanente. Itinerante, que as reuniões sejam feitas em vários locais. A próxima reunião será no dia 23 de julho, sábado às 14 horas, com uma previsão de duração de três horas.

Qualquer pessoa ou grupo pode participar desde que esteja envolvido com leitura?

Mesmo que não esteja e queira se envolver.

Temos vários grupos literários em Piracicaba, eles podem participar?

Todos podem participar. A idéia inicial é mapear todas essas iniciativas e criar uma sinergia entre elas. Fortalecendo-as individualmente, mas também criando ações em conjunto para darmos visibilidade para a questão da leitura. Muitas coisas acontecem pontualmente, mas é importante criar essa conexão entre essas iniciativas de leitura. Podemos fazer um grande sarau coletivo, com todos os saraus que existem. Mostrar a riqueza da cultura que existe em Piracicaba. A literatura é uma linguagem fabulosa, mas na atual sociedade e geração em que a imagem pronta da televisão, do vídeo, celular, ela está muito posta. O livro traz uma linguagem mais enriquecida do que da internet, um tempo diferente da leitura da internet. A internet proporciona uma leitura mais rápida, uma linguagem mais coloquial, o livro traz um tempo mais estendido, geralmente uma linguagem mais rica, uma diversidade maior de palavras.

Alguns grupos buscam novas alternativas para divulgar o livro, a leitura?

Há muita coisa sendo desenvolvida pontualmente. O trabalho da Casa de Cultura Hip Hop é muito bom. Eles trabalham com geladeirotecas espalhadas pela cidade, fazem um sarau importante, levam informação a uma população que não tem muito acesso as coisas. Pretendo colocar à REDE a proposta de realizar um grande evento conjuntamente, acredito que em outubro, quando temos o Dia Nacional do Livro. Experimentarmos uma atuação em conjunto até mesmo para criar alguns elos e algumas afinidades nesse processo. Um evento em que cada um trouxesse a sua demanda, a sua idéia, que fizéssemos isso de uma forma coletiva e divulgássemos isso de uma forma única, juntos. Fortalecer as ações que já existem e criar novas. A idéia é que a REDE realize os eventos e que todas as instituições que estão compondo essa rede apóiem a REDE e a realização do evento. Todos com a mesma voz. Todos com o mesmo peso. Isso fortalece o grupo.   

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