PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado 22 desetembro de 2012
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/

ENTREVISTADO: ARI JONES

Ariovaldo Flávio Dilio e Ari Jones são nomes distintos da mesma pessoa. Ariovaldo é pouco conhecido enquanto Ari Jones faz sucesso nos meios de comunicação, principalmente no rádio piracicabano.

Como surgiu o nome Ari Jones?

Surgiu na época em que o filme Indiana Jones estava sendo lançado. Um tanto quanto arteiro eu usava um boné e um colete muito utilizado por fotógrafos. Um grande amigo deu-me essa denominação, ele achava que para ingressar no rádio eu deveria ter um nome artístico. Assim surgiu Ari como abreviatura de Ariovaldo, e Jones em função do chapéu e do colete. Na ocasião achei meio esquisito, esdrúxulo, mas acabei aceitando e permanece por 25 anos.

Você nasceu onde?


Nasci em Piracicaba, na Santa Casa de Misericórdia, no dia 22 de julho de 1963. Sou filho de Plínio Dilio, falecido, e de Aparecida da Conceição Cerignoni Dilio. Hoje com 75 anos. Sou primo em segundo grau de Francisco (Pirata) Cerignoni.

Seus primeiros estudos foram feito em que escola?


O primeiro e segundo ano, estudei no SESI, que funcionava no Colégio Dom Bosco Assunção. Estudei no Grupo Escolar Alfredo Cardoso, no Sud Mennucci na Escola Estadual Antonio Pinto de Almeida Ferraz (APAF). Aos 18 nos de idade me casei com Tania Regina Tomazella tivemos dois filhos Flávia, que infelizmente faleceu, e Felipe.. Mais tarde casei-me em segundas nupcias com Andrea Sassi, tivemos o noso filho Enrico. Hoje sou casado com a arquiteta Silvana Bordenale, mãe de Bruna e Victória.

Qual foi seu primeiro emprego?


Fui auxiliar de eletricista e ajundante geral em uma empresa de um amigo, Celso Bigelli, Em 1976 quando meu pai faleceu eu tinha de 11 para 12 amos. Eu trabalhava drante o dia e estudava a noite. Tenho os irmãos Adilson e o Rogério. Nasci na Rua São Francisco de Assis mudei para o bairro Nova América onde permaneço até hoje. Após permnecer pouco mais do que um ano trabalhando com o Bigelli fui trabalhar na fábrica de balas Atlante.de propriedade de Hermínio Petrin Júnior, de Paulo Cesar Petrin, da família Petrin. Essa indústria existe até hoje só que ela produz pastilhas para a garganta.

Você entrou para a fábrica de balas com uns quatorze anos?


Eu tinha 13 para 14 anos, a legislação permitia que o menor nessa idade trabalhasse. Logo que entrei o que mastiguei de chicletes e balas foi uma coisa de louco. Tive a grande satisfação de saber como eram feitas, é um processo muito interessante. Hoje junto com os amigos que trabalharam conosco temos o prazer em saber que adoçamos a vida de muitas pessoas. A fábrica ficava na Rua Dona Rosália. Permaneci nessa fábrica por uns uatroa anos

Após a fábrica de balas qual foi sua próxima atividade?

Fui ser vigilante bancário, permaneci quase dois anos como viglante bancário, no antigo Banco Sudameirs, localzado na esquina da Rua Moraes Barros esquina coma Praça da Catedral.

Você passa a imagem de uma pessoa extremamente ativa, sendo que o vigilante bancário tem uma função mais de observação e permaneçe em seu posto por várias horas. Como foi dessempenhar essa função?

Acho que as coisas acontecem por obra de Deus. Acredito que nada nessa vida é por acaso. Por indicação de uma pessoa fui trabalhar no banco. Na época o Banco Sudameris precisava de um contínuo. Me candidatei ao cargo, fiz uma prova, uns testes, fui aprovado, 15 dias depois passava de vigilante bancário para contínuo do banco. De 1983 a 1986 passei por todos os setores do banco. De contínuo a quase sub-gerente. Era o tesoureiro do banco e o caxa responsável pela movimentação da agência. Nessas coincidencias da vida passei a ter uma amizade muito estreita com Hide Maluf Júnior. Insistentemente me convidava para trabalhar com ele na sua empresa Maluf Comercial. Saí do Banco Sudameris e fui trabalhar com ele, na época a empresa funcionava na Rua Cristiano Cleophat, posteriormente mudou-se para a Avenida 31 de Março. Permaneci lá por alguns anos. Tanto no período em que trabalhei no Sudameris como no que trabalhei na empresa Maluf Comercial, eu já fazia rádio.

Como o rádio passou a fazer parte da sua vida?

Tudo começou com o Roberto Moraes em 1985 para 1986. Ele fazia reportagem de campo eu jogava no campeonato amador, como lateral esquerdo pelo Santos do Bairro Nova América. Nessa amizade toda com o Roberto, dando entrevistas em campeonato, um dia ele me perguntou se eu não queria tentar uma carreira no rádio. Disse-lhe: “- Roberto, não tenho o mínimo talento para isso”. O meu sonho era ser médico, em decorrência dos eventos ocorridos, como o falecimento do meu pai, tudo mudou. Como disse-lhe, acredito que nada acontece por acaso. O Roberto me fez essa oferta, quando a Rádio Difusora de Piracicaba tinha o seu departamento de jornalismo no sub-solo, eu fui para conhecer. De imediato ele me deu uma caneta e algumas folhas de sulfite e pediu que eu fosse até a Delegacia de Polícia tirar os boletins de ocorrências na mão. Eu trouxe um texto enorme para ele. Ele deu risada, até colheu algumas notícias. Por uns dois ou três meses permaneci fazendo isso. Roberto de Moraes era apenas radialista, ainda não tinha nenhuma participação política. O Roberto deu-me como tarefa escrever á maquina as noticias, eu “catava milho”. Fui fazer um curso de datilografia. Quando eu estava pegando a noção ele disse-me: “Agora você vai começar a gravar as notícias”. Achei que não era para mim, voltei a trabalhar em outra atividade. Nesse interim, o Luciano Júnior foi convidaddo para ser o diretor da rádio, ele me convidou para trabalhar com ele para vendas. Pelos contatos que eu tinha quando trabalhava com a Maluf Comercial, tinha os compradores de cimento, que eram as grandes lojas da cidade. Angariei uns cinco ou seis contratos para, na época ele ficou deslumbrado. Foi quando ele me convidou, me deu um programa de domingo. Chamava-se “Domingo Máximo”.Era só aos domingos, das 9:00 às 10:00 horas, depois passei das 10:00 às 12:00 horas. Ficou no ar por muito tempo esse programa “Domingo Máximo”. O formato era conversar com o ouvinte, colocar musicas no ar. Eu não me via como radialista, me via mais como vendedor. A coisa foi ganhando rumo, fui ganhando experiência, o Luciano foi me dando uns toques. Fui me aprimorando e comecei a pegar gosto pela coisa. A hora que eu vi já estava envolvido. Isso foi em 1987. A venda do cimento deu uma queda. De setembro de 1987 comecei a fincar o pé no rádio onde estou até hoje. Fiquei dois ou três anos na Rádio Alvorada, tenho eterna gratidão ao Roberto de Moraes, Luciano Júnior, Titio Luiz, que sempre me deram uma força. Antonio Sérgio Piton foi quem me incentivou de forma decisiva para que eu permanecesse no rádio. Piton ´um grande radialista, uma dos maiores narradores de futebol reside em Rio Claro. Em 1988 ou 1989 ele tinha uma rádio no Acre, denominada Rádio Alvorada do Acre. Ele veio pasar uma temporada em Rio Claro e ouvindo a Rádio Alvorada aqui, gostou da minha voz, falou com o Luciano Júnior, em uma semana eu estava em Rio Branco, no Acre. Fui para lá no finalzinho de 1989, comecei o pograma no rádio em fevereiro ou março de 1990 permanecendo até outubro de 1992 quando vim passar férias em Piracicaba. Minha passsagem de volta para Rio Branco estava marcada para dia 6 de novembro de 1992, no dia 5 minha filha faleceu. Mandei um telegrama para o Piton que ficou desolado, eu tinha a maior audiência do Acre. Era um programa tipo “pastelão”, brincando, conversando com o ouvinte, mais ou menos o que faço aqui hoje, só que com 4 horas de programa. Começava as 7:30 e terminava as 11:30.

Essas brincadeiras que você faz não ultrapassam nenhum limite?

Sempre mantenho uma linha. As vezes acho que exagero um pouco, acaba saindo uma palavrinha de duplo sentido sem ofender ningém. Eu acho qua a minha missão no rádio é transmitir alegria e fazer novas amizades. Tanto que tenho meu bordão: “Meus amores no rádio”. Acho que temos uma grande responsabilidade em transmitir a alegria para quem está do outro lado, levar a emoção, uma palavra amiga. Ser realmente o companheiro de todos os dias que a pessoa precisa. Percebo que aqui na rádio além de rádio, tenho um consultório sentimental. Muitas pessoas me ligam para desabafar, contar uma história, falar das dificuldades, fazer um pedido. São homens, mulheres, avós.

Voce já passou algum tipo de “saia justa” no rádio?

Tive pessoas depressivas, que diziam ter vontade de largar tudo e sumir pelo mundo afora. De vez em quando o que denominamos de “pingaiada” ligam dizendo: “ Tamo te ouvindo aqui, manda aquele abraço!”Mas não passa disso.

E as eternas apaixonadas pela “voz de travesseiro” do locutor?

Tem bastante! Guardo em minha casa, desde o tempo da Rádio Alvorada, cartas em que a pessoa vai colando folhas sulfites uma na outra, deve dar uns 100 metros de comprimento. Dizendo: “ Eu te amo, você é o meu melhor amigo!” “Você é o radialista que eu sempre sonhei”.

Isso não desperta ciumes doméstico?

É natural uma ponta de ciúmes. O Ari do rádio é uma coisa, o Ari fora do rádio é outra. O Ari do rádio é extrovertido, alegre, vibrante, dinâmico. O Ari fora do rádio é um ser que tem problemas, dores, muito tímido. As pessoas não acreditam, mas sou tímido.

Você fala em público, enfrenta uma platéia?

Se for necessário sim. Se tiver um microfone falo com facilidade. Sem microfne eu fico meio travado. Se eu sentir que estou tendo plena liberdade, falo com tranquilidade. As pessoas que não me conhecem fora do rádio dizem: “ Nossa Ari! Você é uma pessoa muito séria! Sisudo, não sorri.” É a minha timidez que me deixa assim. Depois que a pessoa vai ganhando a minha amizade, vai me conhecendo, ela diz que não tem nada a ver com a primeira impressão que passei. Tenho um grande amigo que esses dias me disse que tinha que me pedir desculpas. Estranhei. Então ele me disse: “- Eu achava você tão pedante, de nariz empinado. Eu tinha raiva de você.!. Com isso ele me deixou emocionado. Ele então me disse: “ Você é um cara sensacional! Gosto demais de você!”.

Atualmente você atua como profissional em quais veículos de comunicação?


Hoje tenho três programas aqui na Rádio Difusora: “Manhã Total”, “Jornalismo Verdade” onde a apresentação é minha, do Gersom Mendes ,Luiz Antonio, do Vladimir Catarino e os repórteres de rua Vanderlei Albuquerque e Haroldo Faria. Aos sábados na Radio Difusora FM tenho o programa SindFlash apresentado por mim e pelo Hugo.Liva. Tenho a minha produtora de televisão, onde produzo programas independentes, filmes independentes. Aos domingos tenho o programa “ Ponto de Vista Regional”, que é exibido aos domingos pela TV Opinião. E assessoro na medida do possível a parte política, me especilizei em marketing político. Fui aluno de Adolpho Queiroz no marketing político. E Limeira estudei Rádio e Televisão, Jornalismo fiz no Senac em Limeira.

Qual é a sua visão sobre o rádio atualmente?


O profissional de rádio está em extinção. Vemos pouquíssimos radialistas dedicados.

Você sobrevive trabalhando só em rádio?

Fica difícil! Sobrevivo de rádio e TV,

A maior dificuldade de quem trabalha em rádio é o aspecto comercial?

O rádio do interior não se aperfeiçoou como o rádio das grandes capitais. O rádio das grandes metrópoles tem um departamento comercial. O radialista não se preocupa em vender a publicidade. O interior não acompanhou essa evolução. Convivo o cotidiano com a diretoria da Rádio Difusora, busco incansavelmente vendedores para o núcleo do departamento de vendas. Nãos se acha vendedores! Não existe! Alguns permanecem por uma semana, quinze dias no máximo e vão embora. Cada cliente tem a sua necessidade, eu adequo a necessidade do cliente ao meu texto. Faço o texto que acredito que o cliente irá gostar. Para cada cliente tenho uma música, como se fosse um jingle. Quando aquela música é tocada a pessoa associa ao produto do anunciante. Com isso tenho clientes de quinze anos.

Há certos clientes que criam a espectativa de realizarem uma propaganda e obterem resultados imediatos. Qual sua visão a respeito?

Isso não existe, não somos mágicos! O cliente tem que ver propaganda como investimento e não como despesa. O nome da empresa tem que ser lembrado. Ser ouvido. A partir daí é um trabalho de formiguinha. Eu não posso garantir que em três meses ele venda uma enormidade de produtos, que é o seu desejo. Se publicidade não fosse bom as grandes empresas não investiriam de forma maciça nela. O primeiro ponto é conscientizar meu cliente de que ele precisa colocar seu nome em evidência. O segundo ponto é fazer com que meu ouvinte acredite que aquele produto irá ser satisfatório para ele.

Você algum dia se viu obrigado a fazer propaganda de um produto de qualidades duvidosas?


Não faço isso! Eu só anuncio produto em que acredito! Se eu não acreditar no produto, não anúncio. Preciso conhecer, ver sua aplicação ou benefício para estar consciente dos benefícios e anunciar.

Você recebe visitas no estúdio?

Tenho! Tem pessoas que vem tirar fotografia comigo.

Há aquelas pessoas que realizam visitas constantes, muitas vezes permanecendo o programa todo sentado ao seu lado?

Eu filtro para não atrapalhar o andamento. Quando você etá fazendo rádio tem que dar atenção àquilo que está fazendo. Consequentemente você não consegue dar atenção a pessoa que está ao seu lado. Já tive isso, é o sangue-suga, e ele quer que você fale o nome dele no ar.

O que é sucesso para você?


Sucesso é me manter no dia a dia e sustentar a família!

Quantos anos de rádio você irá completar neste mês?

No dia 22 de setembro estarei completando 25 anos de rádio.

Você faz televisão em que dias e horários?


Apresento na televisão aberta, Canal 40 UHF, aos domingos das 11:30 às 12:00 horas reprisado âs terças-feira. O programa chama-se “Ponto de Vista Regional”, onde abordo tudo, eventos, lançamentos, inaugurações, política, clip musical, bastidores de artistas. Em televisão relizar um programa com tomadas externas é muito caro. Já fiz muito isso, para promover o programa, já fiz muita entrevista onde o onus era totalmente meu, as pessoas julgam que podem aparecer sem que a estrutura envolvida seja remunerada, é a famosa auto-promoção sem respeitar o trabalho dos profissionais envolvidos. Preciso pagar meu cinegrafista, meu editor, preciso pagar a gasolina do carro. As vezes até vou buscar o entrevistado para ele vir ao estúdio no meu carro.

O seu sucesso se dá também pelo seu olhar profissional em todos os aspectos, inclusive financeiro?

Sou muito crítico, não gasto dinheiro a toa. Tenho tudo controlado, o que gasto, o que faço, (Ari tira de uma pasta um livro-caixa, onde todas as suas entradas e saídas são registradas; Anexa uma pasta com os documentos a serem pagos ou recebidos.)

Ari, essa meticulosidade financeira de quem trabalha no meio de comunicação é uma raridade!


Eu tenho medo de ficar devendo! Isso aprendi com meu pai e com a minha mãe. Você não pode perder a rédea, se perder a rédea você se perde.

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