PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
Sábado o5 de maio de 2012
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
ENTREVISTADO: JOSÉ ANTONIO DE GODOY
José Antonio de Godoy é nascido em 15 de novembro de 1947 em Piracicaba, na Rua Moraes Barros 1.832, é filho de José de Godoy militar da então Força Pública, nome anterior da Policia Militar e da enfermeira Alaíde Gosser de Godoy. Começou seus estudos no Grupo Escolar Alfredo Cardoso, em 1958, distante a aproximadamente 50 metros da sua casa. O secundário fez na Escola Cristóvão Colombo, mais conhecida como Escola do Zanin, onde estudou por sete anos diplomando-se em contabilidade em 1965.
Nesse período o senhor já trabalhava?
Eu morava com meus avós, eles tinham produção de doces caseiros, Pão de ló, que eram comercializados em festas de igreja, parques, circos. Eu tinha uns doze anos ajudava a fazer e depois a vender, na época deveria ter uns 12 anos.
Com que idade o senhor começo a trabalhar ajudando a sua família?
Aos sete anos eu já ajudava em casa.
Hoje pelo ECA – Estatuto da Criança e do Adolescente o senhor não poderia ter essas atividades.
Não poderia. Sempre trabalhei e acho que isso contribuiu muito na minha formação. Já era ambulante, hoje denominado de camelô. As pessoas que conheci quando eu era criança cresceram e com isso formei um grande círculo de amizades.
O senhor é tímido?
Em determinadas circunstâncias sim. Na maioria das vezes não.
Algumas pessoas acham que o senhor é uma pessoa reservada, ao contrário de muitos políticos que são verdadeiros atores, tratam com muita intimidade pessoas que nunca viram, com o intuito de seduzir o eleitor e ganhar seu voto.
Acho que isso decorre da minha profissão, como sempre fui contador e auditor, primeiro trabalhei muito com informações sigilosas, pelo fato de estar trabalhando com terceiros, pessoas que você está fiscalizando, auditando, é necessário ter uma atitude extremamente profissional. Isso impõe um limite determinado pela conduta profissional. Quando digo que sou tímido em algumas circunstâncias, é porque sempre dei aulas no curso superior, a relação com meus alunos é diferente. Na escola a realidade é outra.
O senhor trabalhou fabricando móveis?

Aos 12 anos fui trabalhar na fábrica de sofás Rinolar, situada na Rua Moraes Barros. Fui trabalhar no escritório, o Roncini era o contador. Quando não tinha nada para fazer no escritório eu ia trabalhar na tapeçaria. Meus avós faleceram, meu pai trabalhava como balanceiro na Usina Bom Jesus, em Rio das Pedras. Fui morar com meu pai, e passei a trabalhar em uma tapeçaria em Rio das Pedras. Havia um ônibus da prefeitura que nos trazia para estudar a noite e voltar. Mudei para Piracicaba, fui trabalhar em um escritório de contabilidade, morava em uma republica na Rua Moraes Barros, tinha uma vilinha de casas, eu morava em uma dessas casas, em frente onde era o Bar do Buriol. Almoçava e jantava no Bar Cruzeiro. O famoso seresteiro Cobrinha morava ao lado, trabalhei com ele na sua fábrica de gaiolas de passarinho. Eu tinha um colega na Escola Cristóvão Colombo, cujo pai tinha uma fábrica de móveis. Fui trabalhar lá, fazia cama, guarda roupa, guardo algumas cicatrizes dessa época, na tupia quase perdi o dedo, outra vez um formão escapou e deixou a marca do seu trajeto no meu braço. Em 1965 me formei como técnico de contabilidade. Manoel Lopes Alarcon e Antonio Perecim montaram um escritório novo na Galeria Brasil, eles estavam contratando pessoal, o primeiro que começou a trabalhar com eles foi o Brito Leite. Logo em seguida eu comecei a trabalhar com eles, isso foi em julho de 1965. Antes de me formar comecei a trabalhar. Um ano depois o Alarcon saiu da sociedade e eu entrei como sócio. Permaneci por 32 anos como sócio do Perecim. Antes de me formar, surgiu aquela máquina de sorvete italiano, unto com uns amigos compramos uma máquina dessa e íamos as festas nos sítios para vender sorvete italiano. Eu tinha um tio que ia vender produtos na área rural, no inverno ele ia buscar sardinhas em Santos e íamos vender. Nos finais de ano vendíamos uva, abacaxi.

O senhor tem uma experiência de vida bem diversificada.
Em 1964 abriu a faculdade de economia e administração na Unimep. Em 1967 comecei a fazer a faculdade, em 1970 me formei em 1970, em 1971 passei a lecionar no curso de graduação. Em 1986 fiz o curso superior de ciências contábeis. Até 1985 dei aula no curso de graduação. A partir desses anos dei aula no curso de pós-graduação até 2009, quando vim trabalhar na Prefeitura Municipal de Piracicaba.
Como se deu a vinda do senhor para a Prefeitura Municipal de Piracicaba?
A ligação que eu tenho com o Prefeito Barjas Negri e com próprio Gabriel Ferrato é de mais de 30 anos. O Barjas estudou na Unimep na mesma época em que eu estudava. Nos formamos e passamos a lecionar na Unimep. Fundamos a Associação dos Docentes da Unimep.O Brajas era o presidente, eu era o tesoureiro e a Ângela Correia era a secretária. Nessa época o Gabriel começou a dar aulas na Unimep. Temos uma amizade antiga, que envolve as famílias. Sempre trabalhei nos planos de governo do Barjas, junto com ele.
O senhor exerce qual secretaria?
Sou Secretário de Governo, cuido das relações do prefeito com as demais secretarias. Algumas vezes um problema envolve mais de uma secretaria, quando isso acontece faço essa ligação.
Uma espécie de Casa Civil?
Mais ou menos isso.
O senhor se considera um estrategista?
Eu gosto e ficar equacionando, montando as coisas como irão acontecer. Sou inimigo do imponderável. Gosto de fazer tudo de forma planejada. Gosto de prever o que irá dar certo e o que não irá dar certo também. Participei dos planos de governo do Thame, do Umberto, do Barjas. No primeiro mandato do Barjas eu era presidente da ACIPI, por isso não vim trabalhar com ele na prefeitura. Fui um dos fundadores do PSDB em Piracicaba, juntamente com o meu sócio Perecim, o Barjas, o Thame.
O gosto do senhor pela política sempre existiu?
Sempre fui ligado ao setor público. Fui Conselheiro do Conselho Regional de Contabilidade onde tive todos os cargos até chegar a ser presidente do conselho. Fui para o Conselho Federal de Contabilidade, para ocupar esses cargos tive que ser eleito.
Como surgiu a indicação do senhor como pré-candidato á Prefeitura Municipal de Piracicaba?
Quando vim para a prefeitura, meu objetivo era trabalhar por quatro anos com o prefeito Barjas. No meio do ano de 2009 começou-se a falar-se em sucessão. O Barjas disse: “O meu indicado para o diretório vai ser um dos meus secretários”. Todos os secretários eram passíveis de serem indicados. As pessoas que me conhecem, conhecem as realizações que fiz com meu trabalho, passaram a me ver com olhos diferentes, com isso criou-se um clima propenso á minha indicação. Na minha secretária tomo conta de um setor interessante, que é o orçamento participativo. Trabalho muito com pessoas da periferia, associações de bairros. O que a principio era apenas comentários, juntamente com o apoio dessas pessoas, a idéia da indicação para a candidatura foi criando corpo. Simultaneamente foi diminuindo o número de secretários pré-candidatos. Há uns seis meses o prefeito disse que seria eu ou o Gabriel. Eu não vim à prefeitura com a intenção de tornar-me candidato. Os fatos se deram de forma espontânea e natural.
Entre o senhor e o Gabriel o prefeito Barjas mostra alguma preferência?
Não sei se tem. Apesar de nós dois termos uma ligação muito forte com ele, o Gabriel esteve mais junto dele em outros trabalhos. Na política o Gabriel esteve com ele em Brasília, no Governo do Estado, na política eles tiveram uma proximidade maior.
Isso não tem um peso na decisão do prefeito em indicar o próximo candidato do partido à prefeitura?
Eu imagino que não. A primeira decisão é do nome que vai para o partido. O prefeito irá levar apenas um nome ao partido.
Sob o ponto de vista do senhor quais são as necessidades mais urgentes de Piracicaba?
Considero que temos três pontos de importância mais relevantes e que dependem da ação da prefeitura: o primeiro ponto é a saúde, o prefeito Barjas fez muita coisa, mas tem que ainda se fazer mais, tem que dar continuidade ao que já foi feito e dar uma atenção especial á saúde.
Em quaisquer pais do mundo, inclusive Estados Unidos, a questão saúde é a eterna luta por busca de melhorias.
Em alguns casos o paciente usa o serviço de saúde de forma errônea. Em Piracicaba com a construção do novo hospital deverá melhorar muito a questão da saúde, mas ele sempre terá que receber uma atenção especial. O segundo ponto importante é referente a educação, principalmente no que se refere a creche voltada a crianças de zero a três anos de idade. Temos que ampliar as existentes e eventualmente construir algumas outras. O terceiro ponto é dar continuidade ao tratamento de esgoto, que com a nova estação estamos indo para 70% de esgoto tratado e temos que atingir 100%.
Com tantos recursos hídricos que Piracicaba tem, por que se consome um alto volume de água em galões vinda de fontes minerais?
Penso que isso acabou sendo um vício por imitação, qualquer filme de qualquer país exibe seus artistas usufruindo de água mineral, de garrafa, de galão. Criou-se em Piracicaba um mito de que a água mineral é superior a água tratada. O pessoal esquece que a água tratada de Piracicaba se não é a melhor é uma das melhores do Brasil.
Só que ela tem um sabor acentuado.
Isso é por conta do tratamento. É uma questão cultural. As empresas hoje estão colocando equipamentos que recebem a água diretamente do encanamento, oferecendo a água na temperatura desejada. Pode ocorrer de ao ingerir uma água tida como mineral, sem procedência conhecida, ser pior no aspecto qualidade e higiene do que a água tratada. O Semae exerce um controle rigoroso em todos os pontos onde a água passa, possui um laboratório com os mais modernos recursos.
Quais são as principais diferenças entre a administração de uma empresa privada e a de uma empresa pública?
É diferente em algumas características. Na empresa priva a tendência da tomada de decisões são conseguidas com maior velocidade. Geralmente são comitês pequenos que tomam essas decisões, seja a diretoria, o presidente. Na administração pública você está trabalhando e tratando com recursos públicos. Isso implica na existência de alguns mecanismos de proteção para que esses recursos sejam bem administrados. Por conta disso temos a legislação. A lei de responsabilidade fiscal. Isso faz com que a administração publica seja aparentemente morosa.
Como o senhor vê a Piracicaba de hoje?
Apesar de para os padrões do Estado de São Paulo, Piracicaba não é uma cidade grande, temos 367.000 habitantes, é uma cidade que hoje está vivendo um período econômico bastante forte em termos de negócios. Tradicionalmente Piracicaba não teve grandes crises, mesmo nas [épocas em que tivemos crises na economia, crise internacional. Isso porque ela sempre teve uma economia bastante diversificada. A principal crise que atingiu Piracicaba foi na década de 70, quando tivemos o problema com o Proálcool. A partir daí as empresas mudaram e diversificaram. Todas as empresas que atuavam no setor de açúcar e álcool passaram a atuar também em outros setores. A partir daí foram surgindo novos negócios na cidade que levaram à essa diversidade. É uma cidade que tem um padrão econômico bastante alto, tem uma empregabilidade muito grande, isso faz com que a renda per capita do município seja alta. Por conta disso hoje estamos com mais de 250.000 veículos na cidade, que acaba trazendo alguns transtornos no aspecto de mobilidade urbana.
Há algum projeto para transporte de massa sem ser ônibus?
Hoje no governo não tem. Para você mudar o tipo de transporte saindo do ônibus, existe uma etapa intermediária, acho que essa etapa teremos que chegar nos próximos governos, trata-se da melhoria do transporte por ônibus, está na hora de pensar em fazer o transporte urbano melhor e mais rápido. Isso implica em pensar em corredor exclusivo de ônibus. Se não for nos moldes das grandes cidades, pelo menos em determinados períodos temos que fazer com que os ônibus cheguem mais rapidamente, principalmente aqueles que fazem ligação com os terminais.
O transporte ferroviário, tais como monotrilho, metrô suspenso não são viáveis?
Tudo isso é muito caro, e a exceção do metrô, que pode ser considerado um transporte de massa, essas outras modalidades de transportes são caras e não transportam um grande volume de pessoas, são medidas que não serão tomadas enquanto não chegarmos a 1.000.000 de habitantes, que deve demorar muito tempo. Há um problema adicional, que é a transposição do Rio Piracicaba. Isso cria condições adversas para outras formas de fazer a ligação da cidade. Temos um pedaço de uns 5 a 6 quilômetros, que vai da Ponte do Mirante até a Ponte do Morato, que você não consegue transpor o Rio Piracicaba para fazer vias de comunicação. Da ponte do shopping em diante é tudo área da ESALQ. Sobra o lado da região do Bongue, onde temos a Ponte do Caixão. Provavelmente terão que sair outras ligações. A cidade tem que investir em criar alternativas de ligações da cidade, isso é o que o Prefeito Barjas Negri vem fazendo em seu governo. É criar outros mecanismos, mais avenidas no entorno da cidade para tirar mais volumes de veículos que só passam pela cidade, esse volume é muito grande. Os caminhões terão o anel viário para utilizarem. Esse anel deve estar pronto até fevereiro de 2013. Se o transporte público for mais rápido e mais confortável, muitas pessoas que hoje utilizam seu veículo para se dirigirem ao centro da cidade usarão o ônibus.
Vir ao centro de carro já está ficando impraticável.
Com a instituição dos parquímetros, estacionar não é problema, porém há períodos do dia em que o fluxo de veículos da Vila Rezende para o centro é complicado, assim como na Avenida Vollet Sachs para quem se destina ao Piracicamirim é complicado. No sentido inverso ocorre a mesma coisa. Hoje temos terminais urbanos espalhados pela cidade toda, se fizermos a ligação entre esses terminais com maior velocidade já teremos uma grande melhora.
O funcionário público recebe algum tipo de motivação para aprimorar seu desempenho?
Isso sempre foi uma falha muito grande no poder público e aqui em Piracicaba. Começamos atrasados, começamos um trabalho no inicio deste ano, até então a única coisa que a prefeitura tinha para oferecer era bolsa de estudos. Através da Secretária de Administração começamos um trabalho interno de fazer a motivação e treinamento para o funcionário. Como fazem as empresas privadas, temos que trazer tudo que for bom da área privada para a área pública, isso é viável.
O crescimento de uma cidade pode deixá-la menos humana?
Depende de como se dá esse crescimento. Você pode ter o crescimento onde os recursos humanos são oferecidos pelo pessoal que já reside na cidade, está vindo uma montadora de veículos para Piracicaba, acreditamos que 80% das pessoas que serão admitidas são profissionais já residentes em Piracicaba. No início achavam que iriam vir 200.000 coreanos para a cidade, quando a fábrica estiver funcionando irão ficar 100 a 150 coreanos em Piracicaba.
Foi veiculada a noticia de que seria montada uma verdadeira cidade coreana no município de Piracicaba.
Trata-se de pura lenda. Isso interessa para quem é proprietário de terras naquela região próxima de onde irá se instalar a fábrica e quer valorizar sua propriedade. A fábrica irá ter 5.000 funcionários qualificados. É ai que está a diferença, crescer com empregos qualificados. Diferente do período em que cresceu a produção de açúcar e álcool, que trazia trabalhadores sem qualificação nenhuma. Acabavam ficando na cidade, sem qualificação profissional não conseguiam arrumar novos empregos. Até hoje temos problemas originados naquela época, favelas que necessitam ser urbanizadas. Já fi feita muita coisa nesse sentido, um exemplo é a Favela Cantagalo que hoje é um bairro urbanizado. Temos que continuar fazendo isso, é uma ação que demanda um volume grande de recursos. Só o orçamento do município não dá para fazer tudo de uma só vez.
Piracicaba instituiu em determinadas ruas câmaras de segurança, algumas estão desativadas, qual é o motivo?
Todas as câmaras de segurança estão sendo controladas no Centro Cívico. Não são passiveis de terceirização por ter informações sigilosas. Na iniciativa privada quando algo se quebra solução é mais rápida do que no setor público. ´
Temos diversos logradouros públicos onde pessoas e instituições imbuídas de sentimentos humanitários oferecem alimentos aos desabrigados. Não há um local que ofereça melhores condições para que essas ações ocorram?
No ano passado inteiro tentamos convencer essas entidades que o melhor que tem que ser feito não é levar a comida a esses logradouros, e sim nas sedes das entidades, chegamos a oferecer os prédios onde se realizam os varejões municipais. Essas ações da forma como são realizadas acabam acentuando o problema social. Infelizmente não conseguimos chegar a um bom termo com essas entidades. O coração fala mais alto do que a razão. A razão seria conduzir essas pessoas a um local e fazer para elas tudo que for possível nesse local. Com isso quem acaba sendo cobrada é a prefeitura.
A arrecadação municipal está cobrindo as despesas do município?
Piracicaba é hoje uma das cidades que está mais equilibrada no Estado de São Paulo, tanto que estamos investindo 15% do orçamento, coisa que nenhum município brasileiro consegue hoje.
Os famigerados marqueteiros político podem influenciar uma eleição?
Na eleição municipal, pessoalmente eu acredito que não. Nas eleições estaduais e federal acredito que sim porque o povo fica mais distante do candidato. No município a ação do candidato é que faz com que a coisa funcione.
O senhor acredita que dá para incrementar a vocação turística de Piracicaba?
Acho que é possível principalmente nessa região da orla do Rio Piracicaba. Há um potencial muito grande pra se trazer mais turistas para a cidade. E também o turismo regional, onde há integração de cidades vizinhas.
Há uma grande deficiência hoteleira em Piracicaba?
Esse é um grande problema, estamos incentivando redes de hotéis para investirem em Piracicaba. Temos a necessidade de no mínimo mais 1.000 leitos. Piracicaba não tem um lugar para realizar um evento fechado de porte. Quando realizamos eventos como o SIMTEC os participantes acabam se hospedando em cidades vizinhas. Isso é um limitador do turismo de negócios.
Quantos funcionários a Prefeitura Municipal de Piracicaba tem?
São por volta de 6.000 funcionários. Um grande volume desses funcionários, cerca de 60%, está no setor da educação, em seguida na saúde.
O grau de satisfação e realização pessoal do funcionário público municipal pode ser melhorado?
Para que isso ocorra acredito em dois fatores, o primeiro é treinamento, motivação, criar expectativa no seu trabalho, o segundo é o financeiro, não adianta ter só o motivador financeiro. A estabilidade do funcionário traz benefícios e malefícios. Como beneficio tem a estabilidade garantida para não ficar ao sabor das mudanças políticas que ocorrem. Por outro lado a estabilidade oferece o risco do funcionário permanecer em uma zona de conforto. Para mudar essa situação só criando mecanismos que o motivem.
Há uma verdadeira febre de automação empresarial, na área de serviços os bancos são vorazes consumidores de tecnologia em detrimento do contrato de funcionários. Há esse tipo de risco no serviço público?
É muito difícil fazer isso no serviço público. Pode ser melhorada a tecnologia, mas automatizar é muito complicado. Na área da educação pode ser melhorada a tecnologia, o mesmo ocorre na área de saúde, com melhores resultados, mas automatizar o serviço dificilmente ocorrerá.
Na área burocrática, caso necessite, por exemplo, de um alvará, posso conseguir sem me deslocar até a prefeitura?
Nesse aspecto sim e a prefeitura está trabalhando nesse sentido. O Sistema Integrado de Licenciamento permite que tenha uma licença, saia uma inscrição em 24 horas.
Como anda a segurança em Piracicaba?
Depende de como ela seja vista. Estatisticamente a cidade vai bem. Entretanto a população tem a sensação de falta de segurança. O pessoal cobra a prefeitura, só que a Guarda Municipal não pode fazer segurança, ela existe para zelar o próprio municipal, ela auxilia as polícias, tanto civil como militar. A maioria dos homicídios ocorridos em Piracicaba não permitia uma ação preventiva, em boa parte são passionais. A maior fiscalização nas ruas permite evitar atos criminosos. Uma grande parte dos roubos efetuados é em decorrência da utilização de drogas por parte dos seus autores. É um problema que atinge não só o Brasil como os demais países.
O senhor pretende construir alguma ponte sobre o Rio Piracicaba?
Se for necessário sim. Temos a necessidade de construir sobre o Rio Corumbatai, que ligue o Bairro IAA com o outro lado da cidade. Se tivermos tempo e dinheiro essa será uma ponte que deverá ser construída.
Como prefeito o senhor pretende conceder audiência pública em determinado período de algum dia da semana?
Acho que isso é necessário, ainda não pensei onde seria realizado. Talvez uma prefeitura itinerante realizada uma vez por semana poderá ser uma forma de estar junto aos reclamos da população. O deslocamento da população que quer ser ouvida é um grande problema. Caso queira que poucas pessoas participem a reunião pode ser feita na prefeitura. Se quiser que muitas pessoas participem terei que ir até a região onde moram. Só que aí poderá ocorrer o imponderável. De qualquer forma acho que deve haver um canal direto do prefeito com a população, isso pode ser feito por uma equipe devidamente qualificada. As pessoas querem ser atendidas, ouvidas. Na minha secretaria, a pessoa apareceu na porta, se eu não estiver em alguma reunião ela entra, senta e conversa. Outro dia veio uma senhora, ficou uma hora e meia conversando comigo, contou sobre sua família, desabafou, foi embora e eu não fiquei sabendo o que ela queria. Ela saiu feliz, ligou depois agradecendo. Nosso mecanismo de comunicação com o munícipe ainda é muito falho. O pessoal vê as pontes que foram construídas, mas poucos sabem das 41 escolas que foram construídas pelo prefeito Barjas e muitas outras obras em todas as áreas. Três áreas vêm sendo incentivadas cada dia mais, turismo, cultura e esporte e deverão continuar a receberem incentivos no próximo governo. Principalmente o esporte de massa, praticado na periferia.

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