Mistérios das Arcadas
Burschenschaft. Esta estranha palavra alemã tem muito a ver com a história do Brasil. É também a senha para desvendar o passado e melhor compreender as tradições de antigos e atuais alunos da mais tradicional escola jurídica do País: a Faculdade de Direito, do Largo de São Francisco.
Burschenschaft foi o nome dado às sociedades de estudantes que surgiram no final do século 18 com o objetivo principal de promover a unidade da Alemanha. Existem até hoje em “campus” como o de Heildeberg, a mais antiga universidade alemã.
No Brasil, a “Bucha”, o nome vertido de Burschenschaft, surgiu na década de 1830 entre os alunos da Faculdade de Direito do Largo São Francisco, fundada pelo professor de origem alemã que lecionava no Curso Anexo da Faculdade, JULIUS GOTTFRIED LUDWIG FRANK, ou simplesmente Júlio Frank.
Frank viveu apenas 32 anos, dez dos quais no Brasil, país em que morreu e foi enterrado, de maneira insólita, no pátio da escola, onde seus restos permanecem sob um túmulo imponente, tombado pelo Patrimônio Histórico.
Ao contrário da existência curta de seu fundador, a Bucha teve vida longa e influência duradoura na sociedade: de seus quadros saíram a maioria dos presidentes da República entre 1889 e 1930, além de poetas como Castro Alves e personalidades da história do Brasil como Ruy Barbosa e o Barão do Rio Branco.
Quem na verdade foi, porém, Júlio Frank? Seria um príncipe desterrado? Seria um fugitivo com nome falso em busca de refúgio após ter cometido um assassinato com fins políticos?
De acordo com o escritor brasileiro de origem alemã Afonso Schmidt ele era um fugitivo sim, mas por motivos outros como dívidas e envolvimento em duelos. Baseado em documentos encontrados na Alemanha na primeira metade do século passado, Schmidt escreveu a biografia romanceada A Sombra de Júlio Frank, publicada nas décadas de 1940 e 1950.

Free Counter

Share.

Deixe um comentário