PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
Rádio Educadora de Piracicaba AM 1060 Khertz
Sábado das 10horas ás 11 horas da Manhã
Transmissão ao vivo pela internet : http://www.educadora1060.com.br/

A Tribuna Piracicabana
http://www.tribunatp.com.br/

Entrevista 1: Publicada: Ás Terças-Feiras na Tribuna Piracicabana

Entrevista 2: Publicada no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:

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JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
19 3433.8749 / 8206 7779 / 8167 0522
Rua do Rosário, 2561 Cep 13401.138 Piracicaba- S. P.
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Entrevistado: DJALMA DE LIMA

DATA: (30 DE AGOSTO DE 2008)

Piracicaba é uma cidade que encanta quem a conhece. Pelas suas belezas naturais, pelo bem estar que transmite. Um dos pontos altos da cidade é a riqueza cultural que ela oferece. O dinamismo domina em todas as áreas. É uma cidade viva! Dois irmãos, Djalma de Lima e Djansen de Lima atuam na área de comunicação, escrita e falada. Um fato por si só pitoresco, ter duas pessoas na mesma família ligadas ao rádio e ao jornalismo escrito. Djalma de Lima atua na capital do estado, São Paulo. Djansen preferiu permanecer em Piracicaba, onde apresenta seu programa diário na Rádio Educadora de Piracicaba 1060 khertz, AM. Iniciamos nossa entrevista colocando no ar a abertura do programa de Djansen de Lima para que seu irmão Djalma de Lima ouvisse.
Djalma conta sobre a famosa “Banda do Bule” que existiu em Piracicaba, e da qual ele foi um dos fundadores.

Djalma quando você começou a trabalhar em rádio?
Eu comecei muito novo, nasci no dia 19 de julho de 1954. Rádio é uma coisa que eu gosto muito. Na época ouvia rádios de São Paulo como Bandeirantes, Jovem Pan, que conseguíamos sintonizar com muita dificuldade. Hélio Ribeiro era um dos grandes nomes do rádio. Isso tudo foi me incentivando. Na época em que eu estudava no Colégio Mello Ayres, uma professora de português me disse que deveria tentar a área de comunicação, pois eu era dotado de uma boa voz. Um grande amigo, o Paulo Moraes, cobre a área de esporte no rádio. Na época eu tinha uns dezessete anos de idade e trabalhava na Cooperativa dos Plantadores de Cana de Piracicaba. O Paulo também trabalhava lá e na rádio. O Paulo conseguiu que eu viesse a trabalhar em uma grande equipe excepcional, comandada por Garcia Neto, um dos grandes nomes do rádio piracicabano, que implantou o rádio-jornalismo forte aqui em Piracicaba. Logo depois o meu irmão Djansen ele começou a gostar e partiu para o rádio.
Como seus pais viam o fato dos filhos estarem trabalhando em rádio?
Somos três filhos: Djalma, Djansen e Djames que trabalha em outra atividade. Meu pai é Sebastião Batista de Lima e minha mãe Helena Granato de Lima. Eles sempre nos apoiaram. No começo o rádio era uma coisa difícil. Eu parti para o rádio-jornalismo, era a área que eu mais gostava. Meu irmão com toda essa alegria, animação, que o pessoal diz que ele tem, fez programas na rádio, transmitindo alegria, otimismo, e se deu bem nessa área. Ele recebeu vários convites para ir trabalhar em grandes rádios de São Paulo, inclusive na Record, mas ele nunca quis sair de Piracicaba. No início da década de 70 o esporte amador fervilhava na cidade de Piracicaba, havia grandes equipes como: Vera Cruz, Palmeirinha, Atlético Piracicabano, o Jaraguá Futebol Clube, o MAF. Era uma disputa incrível, havia grandes campeonatos, era muito bem organizado, saíram grandes jogadores dessas agremiações. Eu comecei a captar notícias do futebol amador. Inclusive uma vez fui escalado para cobrir o jogo entre o Atlético Piracicabano e o MAF, lá no campo do Atlético, Estádio Dr. Kok. Saiu uma briga violenta, fiquei meio assustado, voltei para a redação sem qualquer informação do jogo. Eu estava assistindo o jogo na lateral do campo. O chefe do jornalismo era Garcia Neto, me fez voltar ao estádio, pegar todas as informações e trazer. São ensinamentos que a gente nunca mais esquece! Não importa o que aconteça, temos que trazer a notícia para o público. É uma responsabilidade que temos como profissionais.
A seguir, você participou de que tipo de programas de rádio?
Fui fazer o rádio-jornalismo. Cardeais da Notícia foi um dos noticiários que eu participei. Havia um programa de notícias na hora do almoço e á noite. Na época fazíamos o Programa Roda Viva, que era um programa de debates transmitido ao vivo, ás segundas-feiras. Eram discutidos grandes temas da cidade. Foram momentos especiais, com grandes discussões sobre temas que envolviam a cidade. Havia uma efervescência não só da Rádio Educadora, Difusora, A Voz Agrícola do Brasil (Onda Livre AM), nessa época que surgiram grandes nomes da comunicação e que hoje trabalham em São Paulo. Como o Roberto Souza, que produz um programa aos domingos na TV Redord. O Roberto Cabrini passou pelo rádio em Piracicaba. O Luiz Carlos Quartarollo que está na Jovem Pan hoje. Nós participamos de um momento muito importante da história de Piracicaba. Na década de 70, era a época em que o regime militar estava realizando a sua abertura política. Houve uma mudança muito radical na política de Piracicaba. Quando eu comecei no jornalismo, o prefeito de Piracicaba era Cássio Paschoal Padovani. Depois veio Homero Paes de Athaíde e depois o primeiro prefeito jovem de Piracicaba, Adilson Maluf.
Quando você foi trabalhar em São Paulo?
Eu trabalhei muitos anos no Jornal de Piracicaba, cerca de dez anos, inclusive diretamente com o saudoso Losso Netto, o chefe de redação era o José ABC, depois veio o Geraldo Nunes. Posso afirmar que de 1969 a 1985 participei diretamente da história de Piracicaba, por toda evolução pela qual a cidade passou. Meu sonho era trabalhar na Rádio Jovem Pan, AM, na equipe de jornalismo. Fui para São Paulo, comecei a trabalhar em assessoria de imprensa. Trabalhei na assessoria de imprensa da Embratur. Posteriormente através de um amigo, Luiz Alves de Souza, já falecido, que trabalhou no Jornal da Tarde, na revista Veja no jornal O Estado de São Paulo. Ele conhecia o Fernando Vieira de Mello, que foi o homem que implantou o jornalismo de implantação de serviços no Brasil. Eu ficava todo dia na orelha do Luiz, queria ir para a Jovem Pan! Até que um dia ele me disse: “Você já me cansou! Vou ligar para o Fernando Vieira de Mello”. Ele ligou, disse que tinha um amigo querendo trabalhar na rádio. O Fernando Vieira de Mello disse-lhe: “Mande-o vir até aqui, ás seis horas da tarde”. Fui. Ao entrar ele já me perguntou: “-Você trabalha em rádio há muito tempo?” Disse-lhe que trabalhava desde 1969. Isso foi em 1987. Ele então me disse: “Você vai pegar uma viatura agora, Irá cobrir o transito”. Fui até a Rua da Consolação, vi o transito, e entrei no ar com a notícia. Era no horário d programa Hora da Verdade da Rádio Jovem Pan. Quando voltei á rádio o Fernando me disse: “Amanhã você pode vir ás nove horas, já está contratado”. No dia seguinte, ás nove horas da manhã eu já estava participando da minha primeira reunião de pauta na Jovem Pan. São duas horas de reunião de pauta, das nove até ás onze horas da manhã. A equipe toda, mais de trinta jornalistas, se reúne, onde é discutida toda pauta do dia, o que cada um irá fazer. E o jornalista sai para a rua sabendo o que vai fazer como irá fazer, de que forma irá abordar a matéria. Sempre digo que a Jovem foi para mim melhor do que todas as faculdades que estudei. Comecei a fazer cobertura de transito, depois fui fazer cobertura política, freqüentava muito o Palácio dos Bandeirantes, sede do governo paulista. Cobertura econômica na Fiesp. Noticiário policial. O caso da Rua Cuba foi um dos casos famosos em que participei. Ali aprendi uma coisa muito interessante. Foi me ensinado o seguinte: no rádio a nossa voz funciona como a câmera de televisão. Quando saímos para fazer uma matéria, temos que descrever o local. No caso da Rua Cuba, tinha que descrever a rua, se tem calçada, se tem árvore, se as casas são sofisticadas. Como é o portão da entrada da casa, a garagem, se é sobrado, se tem janelas. Você tem que transmitir pela sua voz a imagem para o ouvinte. Para que ele possa se localizar na noticia.
Você é formado em quais áreas?
Fiz jornalismo na PUC e fiz Rádio e TV na Faculdade Anhembi Morumbi em São Paulo.
Você chegou a ter algum problema no sentido de fazer uma cobertura e sofrer um transtorno a ponto de tirar seu sono?
Vários! Em São Paulo as coisas são muito imediatas. Tive uma passagem pela Jovem Pan. Cobria o transito para a emissora, e estava passando pela Ponte Morumbi. Um caminhão havia atropelado e matado um motoqueiro. Isso foi na minha frente. Eu tinha que entrar no ar com a notícia. Quando eu fui falar, descrevi todo o cenário do fato. O destaque era para ser dado ao fato de que aquele local iria passar por um congestionamento e a pessoa deveria desviar daquele local. Essa é a prestação de serviço do rádio. Orientar as pessoas, não só dar a notícia. Quando fui falar os nomes das pontes que estavam envolvidas pelo acidente, esqueci o nome delas! Você fica abalado emocionalmente. Ficou aquele buraco no ar. Fui falar: “Entre a ponte…”. Ficou aquele silencio no ar. Até o motorista falar o nome das pontes. Ao voltar para a rádio, no caminho, já pensei: “Hoje vou levar uma advertência!”. Lá é assim. Desde os profissionais mais antigos, até os mais novos, eram advertidos por qualquer deslize feito no ar. Quando cheguei para a reunião de pauta já cheguei preparado. O Fernando Vieira sentou a minha frente, ele me disse: “Preciso falar com você!”. Ele disse: “O que aconteceu com o Djalma hoje, que sirva de exemplo para todos. Quando houver um fato que irá mexer com a emoção de vocês, alguma cobertura que abale emocionalmente escreva a notícia antes de entrar no ar. O emocional faz com que você esqueça a noticia”. O melhor improviso é aquele que você escreve.
Você já pensou em escrever um livro? Ou já está pronto?
Pronto ainda não está! Sempre penso em escrever, pelo fato de ser da área de comunicação, trabalhar em jornal, em rádio. Acaba-se deixando para escrever depois e não se escreve!
Você realiza palestras?
Em São Paulo, constantemente sou convidado para fazer palestras. Em faculdades, universidades. Tenho muitos amigos que coordenam cursos de jornalismo. Eles nos chamam para falar sobre as experiências com o rádio. São narrados fatos práticos, que servem de exemplo para quem atua na área de jornalismo.
Você conhece Gil Gomes?
Fui produtor do Gil Gomes.
Ele faz um tipo de personagem, na intimidade ele é diferente?
Depois que eu saí da Jovem Pan, fui convidado para ser diretor de jornalismo da Rádio Capital. É uma rádio popular, voltada para um outro tipo de público. Eu não mandava os repórteres para o aeroporto. Eles iam para as estações de trem, do metro, esse era o foco. Você tem que passar a informação para o tipo de público para o qual você está falando. Fiquei por cinco anos na Rádio Capital, eu era diretor de jornalismo, produzia o programa do Gil Gomes, e produzia um outro programa popular de música com informação. O Gil Gomes tem uma ligação grande com Piracicaba. Quando era produzido o programa dele, eram feitas dez histórias por dia. Eu era obrigado a ler a dez histórias feitas por uma equipe de trinta jornalistas, que percorriam todas as delegacias de São Paulo. Eles escolhiam as melhores histórias e escreviam. Isso tudo era feito n madrugada. Ás cinco horas da manhã das dez histórias eu selecionava cinco. O Gil selecionava dessas cinco, três histórias que iriam para o ar. Ele dava toda aquela interpretação, inclusive quando você conversa pessoalmente com o Gil Gomes a entonação de voz é a mesma. É dele aquela característica.
Você chegou a freqüentar o ambiente doméstico do Gil Gomes?
Freqüentei!
E ele dirigia-se aos familiares com mesma entonação de voz?
Era assim mesmo! A sua voz não era tão empostada como no rádio.
Ele é um ator?
É um ator! Não folclore, no estúdio ele tira toda a roupa, trabalha só de cueca. Tira a camisa, tira a calça. Ele tem um estúdio só dele na rádio. Ele tem um técnico de som que trabalha com ele há quarenta anos. Já conhece tudo, sabe quando o som sobe, quando o som desce. Quando você trabalha com uma pessoa por muito tempo pelo olhar se comunicam!
Pela internet o jogador de futebol Hidalgo está nesse momento nos ouvindo em Curitiba, ele acaba de telefonar perguntando se você lembra-se dele?
Eu me lembro do Hidalgo! Ele foi campeão pelo XV de Piracicaba entre 1966 e 1967. Eu não estava em rádio ainda. Mas me lembro que o XV de Novembro foi campeão, subiu para a Primeira Divisão, foi uma festa imensa em Piracicaba. O pessoal na Rua, carro do Corpo de Bombeiros, o Hidalgo em cima do caminhão. Ele foi um dos grandes nomes do XV de Piracicaba. Não só eu, mas a cidade de Piracicaba lembra-se de você, pelo muito que você fez pelo XV de Piracicaba. Venha até Piracicaba que você será muito bem recebido, irá rever os amigos.
Você é um dos pais do salão de Humor de Piracicaba?
Exatamente.
E da “Banda do Bule”?
Também! No início da década de 70 tivemos o início de um período de efevercência cultural. Surgiu nesse período o Salão de Humor de Piracicaba. Surgiu a Banda do Bule, todas as cidades tinham uma banda. Na época o carnaval de Piracicaba foi um carnaval de destaque no interior do estado. Um carnaval riquíssimo! Tempo das escolas de samba: Zoom Zoom, Vai-Vai, Equyperalta, e as escolas tradicionais dos bairros que sempre mantiveram o carnaval de Piracicaba. A Banda do Bule. Resolvemos fazer uma banda, nos moldes da Banda de Ipanema, ou de outras existentes em São Paulo e outras cidades. Na primeira banda eu me lembro que as pessoas tinham um pouco de vergonha de sair. Os mais corajosos saíram. Eu e mais meia dúzia de pessoas. O carlinhos do Mirante, o Gianetti, o João Sachs foi um dos grandes incentivadores da Banda do Bule. Ela descia a Rua Governador Pedro de Toledo sábado ás onze horas da manhã. A maioria vinha vestida com roupa feminina! Terminava na Praça José Bonifácio, aonde por várias vezes o pessoal chegou a tomar banho na fonte. Era uma banda de muita alegria.
Por que a banda parou de sair?
A banda deveria ter um comando, para evitar excessos. Não houve esse comando, chegou um período em que os excessos atrapalharam a banda. Eu já saí em bandas no Rio de Janeiro, no Nordeste, é uma alegria só! Muita festa sem causar prejuízo á ninguém. É pura diversão.
Um dos motivos pelo qual você está em Piracicaba é o Salão de Humor, do qual você é um dos pais?
Como jornalista, participei de várias atividades em Piracicaba. E o Salão de Humor foi uma delas. O Salão de Humor nasceu como idéia na redação de “O Diário” no tempo de Cecílio Elias Netto, Cerinha, Adolpho Queiroz, Alceu Righetto, Carlos Colognesi. Foram conversar com Ziraldo no Rio de Janeiro.

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