JOÃO BOTTENE

Entre 1.940 e 1.942 foram construídas em Piracicaba pelo brasileiro João Bottene, duas locomotivas a vapor inteiramente nacionais, na Usina de Açúcar Monte Alegre, de propriedade da família Morganti,

A primeira locomotiva, Nº 1 com o nome Fúlvio Morganti tinha bitola de 600mm e funcionou nessa usina por muitos anos no transporte de cana de açúcar, lenha, álcool, açúcar e outros.

Em 1961, foi vendida para a Cia. Brasileira de Cimento Portland Perús, recebendo o nº 18 onde trabalhou até os anos 70. Estando hoje aposentada em um galpão junto com outras locomotivas inativas, no Bairro de Gato Preto, na cidade de Cajamar – SP, estando com possibilidade de recuperação, embora mal conservada.

Primeira locomotiva construída no Brasil. De terno branco, seu construtor João Bottene
Segunda locomotiva construída no Brasil

A segunda locomotiva, nº 2 com o nome D. Joaninha, bitola 800mm funcionou na usina Tamoio, na região de Araraquara – SP, também de propriedade da família Morganti, no transporte de cana de açúcar por muitos anos e após este período foi transferida na Estrada de Ferro Cantareira.

Encontra-se hoje na Praça Quarto Centenário, em Guarulhos, na Grande São Paulo, estacionada em frente a uma réplica da Estação da Cantareira Transway, em bom estado de conservação.

Uma terceira locomotiva, foi projetada por João Bottene, em 1941, com dupla frente, movida por dois motores automotivos, transformados para consumir o álcool como combustível.

Também era utilizada no transporte de cana de açúcar e outros.

Um grande amigo deu a família Bottene a honra de publicar em seu site parte desta historia.

Locomotiva movida com dois motores automotivos, convertidos para consumir o álcool.

Também, em 1932, iniciou junto com seu amigo José Vizioli, professor da Escola de Agronomia de Piracicaba, inúmeros testes com adaptações de motores a gasolina para funcionarem com o Álcool. E que em 1932 alistou-se na Revolução Constitucionalista para transformar os motores dos automóveis e caminhões ao uso do Álcool como combustível.
Em 1940 voou em seu próprio avião um Piper Cub utilizando o álcool como combustível, com muito sucesso?
Este foi João Bottene, um Piracicabano nato!

JOÃO BOTTENE – O CONSTRUTOR DE LOCOMOTIVAS

Em 1.888, a família Bottene, imigrantes italianos, estabeleceu-se na cidade de Piracicaba, onde fundaram uma oficina mecânica onde eram fabricadas barcaças que trafegavam pelo rio Piracicaba, no transporte de lenha para a Usina Societê Sucrerie Brasiliene localizada nas margens do rio.

Nascido em 05 de Maio de 1892, João Bottene desde pequeno demonstrou interesse e facilidade de lidar com coisas mecânicas, tanto que aos 14 anos construiu um pequeno locomóvel para começar a entender as máquinas a vapor.

Em dezembro de 1926 leu em uma revista que o Brasil possuía 58 ferrovias, com milhares de quilômetros de trilhos implantados, sendo a maior delas a Rede da Leopoldina Railway Company.

Esta noticia despertou em João, a oportunidade de entrar neste ramo, e começou em sua oficina a reparação das locomotivas da Estrada de Ferro Sorocabana (1925 a 1930), tanto as pequenas como as gigantes, eram reformadas, saindo como novas.

Com a revolução de 1932, foram interrompidos os trabalhos por problemas políticos e a oficina Bottene & Filhos foi vendida para Pedro Morganti, proprietário da Usina Monte Alegre em Piracicaba.

Nesta época, José Vizioli e João Bottene já tinham descoberto o álcool como combustível e fizeram muitas experiências transformando os motores automotivos para o consumo. João já circulava com seu carro Ford 1929 convertido para uso do álcool.

Na revolução João alistou-se como voluntário para transformar os autos e caminhões do governo para o uso do álcool como combustível, criando o Combustível Constituição, uma mistura álcool e óleo de mamona como aditivo.

Foi uma pena não ter tido continuidade a evolução do álcool como combustível, sendo despertado apenas nestes últimos anos.

AS LOCOMOTIVAS:

Com a venda da Bottene & Filhos, João montou a oficina mecânica da Usina Monte Alegre, com seus maquinários e os ex-funcionários. Nesta oficina, em 1933 a 1942 foram fabricadas as primeiras locomotivas inteiramente brasileiras.

A primeira locomotiva nº 1 Fulvio Morganti em 1961 foi vendida para a Companhia Brasileira de Cimentos Portland Perus. Recebeu o nº 18.

Em 1970 foi restaurada conforme foto enviada pelo pesquisador da Estrada de Ferro Perus, senhor Nilson Rodrigues.

A segunda locomotiva nº 2 D. Joaninha trabalhou na Usina Tamoio de propriedade de Pedro Morganti, por muitos anos e depois foi vendida e hoje encontra-se na Praça 7 de Setembro em Guarulhos – São Paulo.

A terceira locomotiva Maria Helena foi construída com dois motores automotivos convertidos para uso do álcool como combustível e utilizada também para o transporte de cana de açúcar na Usina Monte Alegre.

Sobre as locomotivas a vapor construídas por João, as caldeiras foram fabricadas utilizando a solda elétrica com eletrodos Lincoln importados dos EUA, substituindo os arrebites de aço.

Este fato foi inédito para a época. João contratou os técnicos da fábrica de eletrodos Lincoln para fazer inspeção nas soldas, sendo todas aprovadas.

Share.

Deixe um comentário