Capistranode Abreu recusou ocupar a cadeira número um da Academia Brasileira de Letras, com o argumento de que tão pouco fora convidado para o mundo dos vivos, neste estava incomodado… quanto mais do imortais! Mas foi Capistrano de Abreu quem indicou o amigo Machado de Assis para sua cadeira na Academia, alimentando o ódio do Rui Barbosa.
Esse não perdia uma mordomia na Europa. Inimigo declarado de Capistrano depois que queimou a história da escravatura brasileira com a desculpa de não querer que os brasileiros tomassem conhecimento de tanta vergonha! E depois que descobriu, Rui enganava dizendo saber alemão.
Não sabia, a língua dos pensadores, segundo Capistrano.Logo depois sua biblioteca pegou fogo, culparam os cigarros que ele fumava. Foi convidado a participar da elaboração da Carta Magna da República e escreveu a célebre colaboração à constituição : ´Artigo 1º – De agora em diante todo brasileiro está obrigado a ter o dever de ter vergonha na cara. Parágrafo 1º e único – Revogam-se as disposições em contrário.
´ Até hoje esperamos seu cumprimento.Ateu praticante, Capistrano passou a reclamar de ser sogro de Jesus, depois que sua filha Honorina entrou no convento das Carmelitas e adotou o nome de Maria José de Jesus. Hoje é forte candidata a primeira santa genuinamente brasileira.Há folclore maldito, tentativas de desmoralizá-lo.
Capistrano, nunca foi chicoteado pelo pai, e por isso, fugido para o Rio de Janeiro. O fato real, é que o escritor José de Alencar pessoalmente falou com seu pai, o major Jerônimo de Abreu, convidando Capistrano a ir ao Rio de Janeiro. Convencido facilmente pelo importante convite de Alencar, o major vendeu o mais caro dos seus escravos para custear a estada do filho na então capital federal. Também não é verdade que Capistrano nunca mais retornou ao Ceará.
Voltou sim e na companhia de José do Patrocínio para cobrir pela imprensa, a libertação dos escravos na sua terra da luz.O que matou Capistrano além da fumaça dos cigarros e dos incêndios foi o fato de terem extinto sua cadeira de professor no colégio Pedro II (dizem que por influência de Rui Barbosa) a cadeira de História do Brasil ministrada por ele, passou a ser subalterna à cadeira de História Universal.
Isto sim, terminou com ele, junto com a perda do querido filho Abril, que apressou sua vontade de voltar ao Ceará, que a morte impediu.Tão pouco Capistrano era avesso à água. O Columinjuba onde nasceu é ainda hoje uma das maiores concentrações de açudes do Ceará, e seus cangapés ainda hoje são comentados. Na verdade ele desprezava as roupas da moda. Era displicente com as futilidades da vida, a pompa das cerimônias e hierarquias burocráticas.
Ao contrário de certos ´almofadinhas´. Mas, higiene pessoal era sagrada para ele. Há muita injustiça, histórica e pessoal sobre Capistrano de Abreu que precisa ser reparada. Já dois anos antes de sua morte emitiu correspondência articulando apressar sua volta ao Ceará, tendo Columinjuba como prioridade, pedia com freqüência notícias sobre parentes do vizinho Sítio Saco Verde, chegou a mandar a seu irmão Sebastião de Abreu os primeiros livros do que restou de sua biblioteca.
Do Columinjuba nunca deixou de receber as redes e os molhos de pimenta que adorava. O grande cearense armava para voltar à terra da luz. Ao chegar ao Rio de Janeiro aos 21 anos e apresentado por José de Alencar à intelectualidade carioca provocou tanto frisson que passou a autointitular-se João Ninguém.
No fim da vida fazendo estudos genealógicos, estava descobrindo ser descendente direto de ninguém nada menos que Pero Coelho de Souza, o Capitão-Mor que voltou à terra de Iracema. Pretendia fazer pesquisa ´in loco´ sobre sua ascendência.No estudo das lendas descobertas por Capistrano, descobrimos que os primeiros nautas que aqui aportaram iniciando a civilização cabeça chata são náufragos do continente perdido de Atlântida e o que corrobora com isso são as incontáveis inscrições fenícias deixadas nos monólitos do Quixadá. Além do célebre texto de Euclídes da Cunha: ´o sertanejo é antes de tudo um forte.´