Trabalhei os cinco anos da São Francisco com o Professor Theotonio Negrão e Paulo Fernando Lopes Franco. Formado fui trabalhar com os professores José Frederico Marques, Manuel Alceu Affonso Ferreira, Helena Frascino de Mingo e Priscila M. P. Correia da Fonseca. Ao todo, somei oito anos de experiência advocatícia privilegiada. Quis ser juiz porque queria ser juiz, mas mantendo presente o presente de Theotonio Negrão: Os dez Mandamentos do Advogado, de Eduardo Couture, assim como guardo na memória o presente de José Frederico Marques: abra o Código e decida. Quarenta anos se passaram e eu que não sabia nada do tempo. Sinto-me mais ou menos, muito menos do que mais, como o poeta que à janela contempla a Tabacaria. Vejo juiz agindo como advogado e advogado agindo como juiz; promotor público (era assim que se chamava) agindo como juiz e juiz agindo como promotor público e promotor público agindo como advogado e advogado agindo como promotor público. Mas o pior, o mais nefasto e decadente estou vendo: todos os três agindo e sendo políticos. E aí fecho a janela para ficar cismando sobre o que escreveu Fernando Pessoa: ‘A decadência é a perda total da inconsciência’.”
Augusto Francisco Mota Ferraz de Arruda – desembargador do Tribunal de Justiça de S. Paulo
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