PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 9 de junho de 2012
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
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João Chaddad é carismático, participativo, dinâmico, muito conhecido e estimado em Piracicaba. Ainda menino limpou vitrines, engraxou sapatos na Praça José Bonifácio, teve aulas de pinturas com o lendário Frei Paulo. Com talento e esforço conquistou seu espaço. Arquiteto diplomado pela famosa escola Mackenzie de São Paulo, aos poucos foi galgando fama e colecionando inúmeras obras realizadas, no setor público e privado. Construiu uma edificação, para sua residência, que deu a denominação a um bairro: Castelinho. Uma obra feita movida pelo prazer de sua realização. Brincou com as formas geométricas em muitas de suas obras. Inovou. É considerado por muitos o “Oscar Niemeyer Piracicabano”. Ocupou importantes cargos na administração municipal sem se deixar ofuscar pela vaidade. João Chaddad é artista, esportista, cantor de voz afinada já animou muitos auditórios. João Chaddad pertence a galeria das celebridades piracicabanas. Nascido a 16 de juno de 1935, em Artemis, filho de Manoel (o nome original em árabe era Mansur) Chaddad e Angelina Scarpari Chaddad. O casal teve seis filhos: Calil, Joege, Valdemira (Georgina), Zilá, Lucila e João.
O senhor participou de projetos em São Paulo?
Eu já tinha obras em Piracicaba, quando surgiram muitos projetos para decoração de bancos, até então banco era um barracão. Depois passaram a fazer decoração em mármores, painéis, murais, vidros. Com mais dois sócios fizemos muitas decorações em agências de bancos em São Paulo. Cheguei a ter 30 obras em andamento em Piracicaba, nessa época, eu ia e voltava para São Paulo toda semana. Numa dessas ocasiões, Jayme Rosenthal com uma perua DKW, a Vemaguete, me levou para São Paulo, na Via Anhanguera, em certo momento entrou uma Kombi na rodovia, capotamos, caindo com as rodas do carro para cima, conosco não aconteceu nada, o Jayme imediatamente saiu, eu permaneci procurando a minha maleta, onde tinha cheques, plantas. O Jayme gritava: “Turco! Você está vivo?” Eu ficava quieto, estava procurando a maleta. Fiquei preocupado com os projetos que estava fazendo. Sai rastejando, tinha feito um pequeno corte na cabeça, onde normalmente sangra muito, juntou ao barro onde tinha apoiado as mãos, o meu rosto ficou com muito barro e sangue, o pessoal que parava para ver o acidente ficava muito impressionado com a cena.
Residêencia projetada por Chaddad (Pirâmides invertdas)A queda do Comurba atrapalhou a construção em Piracicaba?
Por 10 anos atrapalhou muito. Eu tinha uns quatro ou cinco projetos em andamento que foram paralisados por total desmotivação dos empreendedores. A essa altura eu estava muito bem na Cidade Jardim, onde 50% das casas foram projetos meus. No Jardim Europa uns 30%. Eu calculo ter feito mais de 200 residências de alto nível. À véspera do Comurba cair eu estava trabalhando em um apartamento de propriedade do Lico Gatti, nesse período todo dia à uma hora da tarde eu ia até o Comurba, juntamente com o Lico, para discutir o assunto, geralmente o Alberto Coury ia junto. No dia em que o Comurba caiu, dirigi-me a portaria que ficava onde hoje é o Bradesco, fiquei no portão de entrada, esperando-o e conversando com o mestre de obras, depois de uma meia hora de espera,o Lico não apareceu, fui embora, meu pai tinha um escritório na Rua XV de Novembro logo atrás da Catedral. Na sala de espera eu tinha colocado uma prancheta ficava desenhando lá. Assim que cheguei ao escritório ouvi o estrondo do Comurba. Eu estaria lá, no primeiro andar.
Qual é o seu sentimento ao término de uma obra fruto de um projeto seu?
É uma sensação muito gostosa, entre as artes a arquitetura é uma das que mais aparece e que permanece por mais tempo. Hoje sinto uma sensação totalmente contrária, muitas edificações que projetei estão sendo demolidas para dar espaço a construções maiores, outras estão deixando de ser residências e passando a ser casas comerciais. Na Avenida Carlos Botelho demoliram, reformularam, mudaram de finalidade, umas 20 casas projetadas por mim. Quando isso começou, eu passei a me sentir mal, depois me acostumei. É tirar tijolo, matéria.
O senhor é a única pessoa em Piracicaba, que ainda em vida, realizou uma obra que deu origem ao nome de um bairro, o Castelinho. Qual foi o significado da construção daquele castelo?