Paulo José Barbosa, muito conhecido como Paulinho, nascido a 17 de fevereiro de 1961, na cidade de Bandeirantes, no Estado do Paraná. Filho de Urbano Barbosa e Maria Manoela Lopes, “-Minha mãe quando se casou com o meu pai, era viúva, ela tinha cinco filhos do primeiro casamento: Jair, José, Jayme, Jairo e Jarbas. Do meu pai sou o único filho’.
Qual era a atividade profissional do seu pai?
Meu pai era professor rural, dava aulas nas fazendas do Paraná. Aquelas escolinhas da roça! Meu pai era guerreiro! Quando uma família chegava em uma fazenda, ele providenciava para que elas passassem a frequentar a escola. O ensino er até a quarta série. Não era comum as crianças fazerem o ginásio. Quem morava na roça tinha que trabalhar ainda muito novo. Aos 13 ou 14 anos já estavam trabalhando!
Quanto tempo o senhor permaneceu na zona rural?
Fiquei por pouco tempo. Logo que a minha mãe faleceu, fui morar com uns tios na cidade de Londrina, eu estava com 10 anos de idade. Em Londrina terminei o curso primário, fiz o ginásio e o Curso Colegial Lá estudei na Escola Prefeito Dr.Willie Davids. Ele foi um dos pioneiros de Londrina. A cidade leva esse nome por ter seu início e desenvolvimento motivado por ingleses, que a denominaram Londrina em homenagem a Londres. Havia uma ligação ferroviária entre São Paulo e Londrina. Saía do Norte do Paraná e ia até Bauru, em São Paulo. Cheguei a viajar de trem, diversas vezes, de Bandeirantes até Londrina. Era a locomotiva a diesel
Como se chamava os seus tios?
Meu tio se chamava Paulo Horácio e minha tia Helena Fernandes Horácio. Eles tem um casal de filhos: meu primo Valdeci Horácio e minha prima Valdelice Fernandes Horácio. Esses meus primos moram em Londrina, de vez em quando eles vêm para Piracicaba. Eu ia as vezes lá, nos últimos 15 anos se eu saí para viajar umas cinco vezes foi muito!
Quando o senhor morava em Londrina, acabou o Curso Colegial, e foi trabalhar?
Fui trabalharem um escritório de contabilidade, no que hoje chamam office-boy. Após algum tempo eu vim para Piracicaba.
Qual foi o motivo que o trouxe para Piracicaba?
Eu vim para Piracicaba para jogar futebol! Eu era razoável, não sou bom, senão teria jogado como profissional! Cheguei em Piracicaba e me encantei com a cidade! Decidi ficar em Piracicaba. Fui morar sozinho, em uma pensão. Arrumei um emprego na Klabin, como faturista. Fiquei um tempo trabalhando, até que o meu pai começou a passar mal, tive que voltar ao Paraná. Permaneci em Londrina mais seis meses, até quando o meu pai faleceu. Voltei para Piracicaba, pensei: “Daqui eu não saio mais!”.
O senhor foi trabalhar em qual empresa?
Por 12 anos trabalhei na Dedini Refratários, situada no bairro Cruz Caiada. Quando fechou lá, fui trabalhar em uma mineração em Minas Gerais. Mineração de argila para refratários. Permaneci por dois anos na cidade de Guarda-Mor, fica no Centro Oeste de Minas, na divisa com Goiás. É uma área muito rica em minérios,
Após dois anos o senhor foi para onde?
Voltei para Piracicaba. Fui trabalhar na Dedini Siderurgica, onde trabalhei por oito anos. O Comendador Mário Dedini já tinha na Dedini Siderurgica até o final de 1999 e início de 2.000. Na época a Dedini Siderurgica foi vendida para o grupo Belgo-Mineira. A partir dali conseguimos a certificação ISSO-9001, permaneci mais seis meses na empresa, decidi sair.
O senhor foi trabalhar em que área?
Fiz uma mudança radical, passei a adquirir mercadorias em São Paulo, em grandes atacadistas e importadores, e revendia para as lojas de R$ 1,00 e R$ 1,99 que estavam surgindo em Piracicaba. Até que há 15 anos atrás adquirimos o ponto do Bar Quatizinho.
De quem era o ponto?
Era do próprio dono do estabelecimento e do prédio: Judith Brtoletto Omena, ela que coordenava aqui. Este local tem 90 anos! Foi construído pelo Sr. Augusto Carneo, tendo sido anos depois adquirido pela atual proprietária. Foi o Sr. Augusto que construiu o prédio e montou o bar.
Provavelmente nesses anos todos o prédio passou por algumas reformas?
Com certeza! Fizemos muitas alterações, principalmente visando a segurança e o conforto dos frequentadores. Foi feito um tratamento acústico com todo o cuidado no uso de materiais não inflamáveis. Somos um estabelecimento que tem o Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros (AVCB). Fizemos o curso de Brigada de Incêndio, Rota de Emergência, colocamos climatizasor para tornar o ambiente mais agradável, colocamos ar-condicionado,
Qual é a área ocupada pelo Quatizinho?
São 489 metros quadrados. Na entrada temos uma área de drinks, e em seguida o acesso ao salão principal, com palco, pista de dança, e demais instalações.
Essa atividade do senhor e da sua esposa, gerenciando o Quatizinho, é intensa e para quem exerce sabe o quanto é desgastante!
Exige muito esforço da nossa parte. Nossos clientes são nossos amigos. Alguns frequentam o Quatizinho há anos, outros há décadas e tem alguns que são da terceira geração que frequenta: o avô, o pai e agora ele frequenta.
Como se chama a sua esposa?
Sou casado com Ângela Cristina de Almeida Barbosa. Temos três filhos: Ana Paula, Guilherme e Maria Julia. Eles têm outras atividades. Trabalhar no nosso ramo é gratificante por proporcionar alegrias e lazer aos clientes, mas exige muita dedicação por quem exerce essa função. Tornar o ambiente agradável e respeitoso é uma arte.
A reestruturação física, principalmente no aspecto de segurança física do prédio, o que o levou a investir um valor significativo nas mudanças?
Foi a partir da tragédia ocorrida na boate Kiss, em Santa Maria, no Rio Grande do Sul. O impacto gerado pelo Brasil todo, foi um sinal de alerta, nós tínhamos que tomar uma decisão, as alternativas era parar, encerrar as atividades, ou investir pesado, desde a mudança na estrutura do prédio, envolvendo madeiramento, telhado, saídas de emergência, materiais com características adequadas para acústica, que são antichamas. Tudo foi acompanhado por engenheiro, recebendo o aval do Corpo de Bombeiros e do próprio prefeito em exercício, o saudoso Adilson Benedito Maluf. Já tínhamos um numero representativo de frequentadores, com as melhorias, o ambiente continuou simples, porém muito agradável e acima de tudo oferecendo segurança aos frequentadores.
Os shows que são oferecidos pelo Quatizinho são bem diversificados?
Exato! Nós temos pagode, samba, sertanejo, Flash Night, que tocam músicas de décadas passadas, como os anos 70, 80, 90 e 2000.
Vem muitos casais?
Praticamente só vem casais, são poucas as pessoas que não se enquadram nesse perfil.
Têm algum nome de artista que atrai pmuito público?
Tem a Aninha Barros! Ela movimenta muito o samba em Piracicaba. É muito requisitada. E ela praticamente começou conosco aqui! Ee Ela vem aqui por consideração, ela não precisaria mais vir aqui, ela é muito carismática.
Quais são os horários do Quatizinho?
O evento no salão começa as 20:00 horas e termina as 24:00 horas.
Em ambientes muito animados, pode o qur alguém se exceda nos drinks, isso acontece?
Graças a Deus, aqui não temos esse tipo de problema. Mesmo assim, por precaução sempre temos uma equipe que faz a segurança. Se eles percebem alguma coisa que está tomando algum rumo indesejado, com muita habilidade e cortesia cortam qualquer possibilidade de confusão.
O Quatizinho é um dos bares mais antigos da cidade de Piracicaba?
´´É o segundo bar mais antigo, o Bar Cruzeiro tem 100 anos, o nosso está com 90 anos. O patriarca do Bar Cruzeiro faleceu, a matriarca está m uma casa de repouso. Tinha um filho que estava a frente, mas também faleceu. Hoje está sob a direção de um pessoal que já tem uma casa de show. Eles estão fazendo um trabalho bonito lá.
Aqui no Quatizinho vem pessoas famosas?
Vem artistas, políticos, inclusive de São Paulo. Nós temos um público muito diversificado. São pessoas que gostam de uma boa música. Procuramos dar oportunidade para artistas que estão iniciando a Carreira. A própria Aninha Barros diz: “Comecei lá no Quatizinho!”. É glorioso para nós, ouvirmos isso de uma artista que hoje arrasta multidões. Nós cedemos o salão, não cobramos cachê de artistas. Os valores que entram são todos do cantor. Nós ganhamos naquilo que o cliente consome. Muitos seguem adiante com sucesso. Nós temos a capacidade para receber 350 pessoas.
Na vida pessoal, qual é o seu hobby?
Eu gosto de pescar! Nesses 15 anos que estou aqui fui pescar só uma vez!
O senhor é religioso?
Sou Católico Apostólico Romano! E corintiano!
Algum padre vem assistir show aqui?
Tinha alguns padres de um colégio, isso há alguns anos, que vinham. Até tomavam uma cervejinha! Políticos, autoridades, casais de famílias conhecidas. Tendo um bom ambiente e uma boa música a pessoa se sente bem. O Wilson Tie tz,que foi diretor do jornal Gazeta de Piracicaba, vinha aqui. Infelizmente faleceu. Nós fazemos eventos beneficentes para arrecadar alimentos,
Na parte de petiscos, o que o Quatizinho oferece?
Temos uma coxinha que é ,uito procurada, um kibe que faz sucesso, frango a passarinho. Um dos carros chefes é o espetinho. O torresmo também é uma iguaria bastante procurada. Toda quinta-feira tem costela no bafo, servida com mandioca. Todos os dias a partir das 16:00 horas começamos a servir o espetinho, os demais petiscos a partir das 19:00 horas.
Aproximadamente, quantas pessoas frequentam diariamente o Quatizinho?
Na área da frente, que é um salão e área de drinks, isolados da área de show, segunda-feira até quarta-feira, em média 30 pessoas, quinta e sexta em média 100 pessoas, no sábado tem mais 200 pessoas no salão de show. Flash Night comparecem umas 70 a 80 pessoas.
Já teve algum casamento realizado no Quatizinho?
Já! Foi um casamento Evangélico, celebrado no ambiente de shows! Ficou lotado!
Esses evangélicos são de uma corrente mais liberal?
São! Muitos beberam cervejas!
No setor de drinks tem Caninha Tatuzinho?
Sim! Tatuzinho existe até hoje! Assim como Caninha da Roça, a Caninha Velho Barreiro encampou a Caninha Riopedrense, a Caminha 51 e a Velho Barreiro é o que denominamos “de combate! São as mais populares e mais vendidas. Tem uma turma de amigos que vem, toma uma cervejinha, põe os assuntos em dia, a noite jogam um truco (jogo de baralho, muito popular).
O senhor é muito estimado pelos frequentadores e pela vizinhança, isto também pode ser pela sua preocupação e cuidado em ocupar o seu espaço com muito respeito ao próximo?
Quando se trabalha com um negócio como o nosso, não temos o direito de incomodar as pessoas que estão próximas. Hoje temos que agregar e não separarmos uns dos outros. O nosso espaço está aberto para aniversário de turma de formandos, eventos comemorativos. Não cobramos pelo espaço,só paga o que for consumido.
O senhor recentemente fez uma cirurgia, foi em Piracicaba?
Foi na Santa Casa de Misericórdia de Piracicaba, fui internado pelo SUS, fui tratado como um rei pela Santa Casa, todos os funcionários, médicos, tem um carisma muito grande! Desde o Diretor até o faxineiro, tive um tratamento impecável.
O senhor já pensou em entrar para a política?
Há oito anos atraz, fui candidato a vereador. Tive 476 votos. Não fui eleito. O que tenho percebido é que a faixa etária dos candidatos tem sido cada vez mais jovem. A política é uma escola, onde vão se aperfeiçoando, O perfil dos candidatos mudou muito.
Quem foi o recordista em tomar cerveja no Quatizinho?
Foi um alemão. Ele tomava uma caixa de cerveja por dia.
Caixa com 24 garrafas?
Exato! Tomava Brahma. Ele passava o dia aqui. Ele era consultor especializado na área técnica. Trabalhava quando era chamado.
Quanto tempo ele passou a frequentar o Quatizinho, tomando no dia uma caixa de cerveja?
Foram uns 5 a 6 anos! Pagava direitinho, na época dois a três mil reais de cerveja por mês.
Ele era casado?
Não, era solteiro. Depois ele se casou, parou com a cerveja!
Qual é a cachaça mais vendida no Quatizinho?
A que mais vende é a Velho Barreiro. Tenho a Salina Prata, a Ypioca Ouro também é um produto com qualidade superior, mas a Salina ainda é considerada a melhor. é uma cachaça de alto nível, também vende, mas bem menos. O preço dela é bem maior. Só não vendemos a cachaça de garrafão, como estabelecimento comercial, tem que ter produto com controle de qualidade garantido pelo fabricante.
Do que é composta a bebida denominada “Rabo de Galo”
O Rabo de Galo é um coquetel que combina Cynar, um aperitivo italiano feito de alcachofra e outras ervas, com cachaça. A palavra “cocktail”, do inglês, significa literalmente “rabo de galo”, e se refere a uma bebida composta por diferentes ingredientes, normalmente alcoólicos.
Chegamos ao local do show, onde estão as mesas e a pista de dança. Na entrada, um manequim sorridente e bem-vestido, provavelmente representando roupas extra-GG, nos recebe de forma amável. Pergunto ao Pauliho sobre o significado e a origem do manequim.
O Joaolão é um símbolo do Bar Quatizinho, em Piracicaba. Originalmente pertencente ao Bazar Regina, após o encerramento deste, o item foi transferido para o Bar Quatizinho, onde se tornou emblemático. No dialeto caipiracicabano, é carinhosamente chamado de “Joaolão”.
Pedro, um jovem de 31 anos, em seu dia de folga, está sentado a mesa, veio para rever os amigos, saber das novidades, enquanto toma uma cerveja. Conta que ainda criança vinha com seu pai e muitas vezes com seu avô até o Quatizinho. Ali era de fato onde os amigos dos arredores frequentavam nas horas de lazer. A proprietária narra que um senhor com 78 anos, atualmente morando na vizinha cidade de Saltinho, na época em que morava em Piracicaba, vinha até o Quatizinho, com o pai e com o avô. A esposa do Paulinho, Ângela Cristina, narra que a história do Quatizinho começou quando era alambique de pinga, a Pinga Quatizinho! A região em seu entorno era coberta de mato. Tinha poucas casas por perto. Duas clientes, a Rosinha e Maria Elisa, uma com 80 anos e outra com 74 anos, reservaram mesa para o sábado próximo, noite de Flash Night! Todas as semanas elas comparecem! Há décadas elas frequentam o Quati!
A senhora tem uma participação ativa no Quatizinho?
Tudo começou há quase três décadas passadas, quando eu organizava rodadas de Bingo para o pessoal da Terceira Idade, eu trouxe o bingo para o salão do Quatizinho que pertencia ao Sr. Rosivaldo Omena, já falecido. Naquela época o bingo ou tombola como chamavam os italianos, era uma das poucas diversões coletivas. Após uns seis meses, o Sr.Rosivaldo , que já tinha trabalhado muito, disse que iria fechar o Quatizinho. Eu me interessei pelo negócio, levantamos um empréstimo bancário, e adquirimos o ponto. Nossa filha nos ajudou nessa negociação. (Nesse momento os clientes mais antigos que estão presentes, questionam a idade do bar, uns dizem que ultrapassa 100 anos, outros afirmam categoricamente que existe há cerca de 98 anos, a conversa fica animada!).
O Quatizinho, além de ser um ponto de encontro de amigos, é, acima de tudo, um estado de espírito. É onde risadas ecoam, histórias são compartilhadas e momentos se transformam em memórias. É aquele lugar mágico que nos faz sentir em casa, onde cada conversa se entrelaça com o calor da amizade e a simplicidade da vida. No Quatizinho, cada encontro é uma celebração, e cada instante vivido é uma lembrança que levamos conosco