PROGRAMA PIRACICABA HISTÓRIAS E MEMÓRIAS
JOÃO UMBERTO NASSIF
Jornalista e Radialista
joaonassif@gmail.com
Sábado 16 de março de 2013
Entrevista: Publicada aos sábados no caderno de domingo da Tribuna Piracicabana
As entrevistas também podem ser acessadas através dos seguintes endereços eletrônicos:
http://blognassif.blogspot.com/
http://www.teleresponde.com.br/
ENTREVISTADO: EDIRLEY RODRIGUES
Edirley Tereziano Duarte Rodrigues é conhecido nos meios de comunicação de Piracicaba e região como Edirley Rodrigues. Nascido a 28 de maio de 1950 em Piracicaba na Rua XV de Novembro a um quarteirão e meio da Rua do Porto. Do lado direito no sentido do centro para a Rua do Porto. Filho primogênito de Teresiano (com “s”) Rodrigues Pereira e Margarida Maria Duarte Pereira que ainda tiveram os filhos Fátima, que por muitos anos trabalhou em “O Diário” e era carinhosamente chamada por “Fátinha”, Flávio e Hilda. O pai de Edirley era motorista, trabalhou com ônibus, foi funcionário do Frigorífico Piracicaba, ele se aposentou como motorista da linha de ônibus circular de Piracicaba. Edirley é casado com Rosa Maria Municelli Rodrigues, Depois que se casou foi morar na Vila Resende. Quando menor, estudava e foi gráfico. Naquela época existiam em Piracicaba muitas tipografias famosas e o profissional era muito requisitado e valorizado. Já adulto conciliou no início da sua vida como jornalista (Diário de Piracicaba) e o trabalho como bancário. Nos anos 70, foi levado pelo amigo, jornalista e quinzista Delphin Ferreira da Rocha Netto, para a A Gazeta Esportiva e Rádio Pan Americana (Jovem Pan). Fez teste como redator e produtor, foi aprovado. Na Gazeta foi correspondente credenciado durante quatro anos. Não quis naquela época residir em São Paulo por razões familiares. Sua dedicação era pelo Diário de Piracicaba e Difusora. Duarte Filho lhe abriu as portas da vida profissional (rádio e jornal) e Sebastião Ferraz (diretor do Diário de Piracicaba) aconselhado por Duarte Filho e lhe deu o primeiro emprego como jornalista.
Você se lembra de ainda menino ter acompanhando seu pai no trabalho com o ônibus ou com o caminhão frigorífico?
Nunca. Naquela época os procedimentos eram mais rígidos, o meu pai era extremamente profissional. Ele entregava carne nos açougues de Piracicaba e região, nunca ele me convidou para acompanhá-lo nas entregas. Era comum o filho querer estar com o pai na cabine do caminhão. Ele sempre me ensinou a separar a vida profissional da vida pessoal. Minha mãe sempre foi do lar, está viva até hoje, com 88 anos, em suas plenas faculdades. Ela lembra-se de todas as datas, quando surge alguma dúvida sobre aniversário de alguém, seja quem for, da família, vizinhos.
O curso primário você realizou onde?
Estudei ao lado de onde nasci no Grupo Escolar “Francisca de Castro”. (O Decreto 36.183,de 27 de janeiro de 1960 dá o nome de “Francisca Elisa da Silva” ao Grupo Escolar “Francisca de Castro”). Minha primeira professora foi Da. Maria Rodrigues Alves, meu primeiro diretor foi o Professor Joaquim Mello de Lara, ele morava na Rua Ipiranga. Tive as ainda as professoras Da. Alice, Da. Zaira Jordão e no quarto ano a professora Da. Elza Romano, falecida recentemente, ela morava na Rua São José esquina com a Avenida Armando Salles de Oliveira. Eu tinha o habito de todo dia 15 de outubro, Dia do Professor, telefonar-lhe ou visitá-la. Ela frequentava a Catedral de Santo Antonio.
Em que escola você prosseguiu seus estudos?
Estudei no curso preparatório para exame de admissão situado no Largo Santa Cruz, ministrado pela Dona Falzoni. Cursava de manhã o quarto ano no Grupo Escolar Barão do Rio Branco com o professor Izar. A tarde estudava no curso preparatório. Enquanto morei com meus pais sempre residi na região da Rua do Porto, a minha infância foi na Rua do Porto, embora não saiba nadar, nunca entrei nas águas do Rio Piracicaba, foi no Rio Piracicaba, no Clube de Regatas de Piracicaba, no Jardim da Cadeia, também chamado de Praça do Gavião, onde se situa a Pinacoteca Municipal Depois fui morar na Rua Moraes Barros. Já mais adulto morei com os meus pais na Rua Madre Cecília, próximo a Igreja dos Frades. Fui estudar no Colégio Estadual Monsenhor Jerônimo Gallo quando ele foi inaugurado. O prédio do Jerônimo Gallo não estava pronto, por uns seis meses nós ficamos nas instalações do Grupo Escola José Romão. O professor Helly de Campos Melges era o nosso diretor, um amigo, educador, pai, era tudo isso para o aluno. Criou a famosa fanfarra do Jerônimo Gallo, fez questão que todos nós desfilássemos usando traje banco. Tivemos as famosas fanfarras do: Jerônimo Gallo, Dom Bosco e a do Colégio Industrial que se tornou um modelo e tinha o comando do professor Danilo Sancinetti. Fiz o curso colegial na Escola Industrial “Coronel Fernando Febeliano da Costa”. Um dos professores com quem me identifiquei muito foi o professor Faganello, assim como o professor Lineu Cardoso. A professora Joana Falanghe, de matemática. O sonho de muitos garotos era sair de um curso primário e ingressar em uma escola como Jerônimo Gallo, Sud Menucci, Dom Bosco. Era difícil, o ensino era de primeiríssima qualidade. Lembro-me que morava na Rua Madre Cecília e fui a pé até o Jerônimo Gallo para ver se o meu nome estava na lista dos aprovados. Não havia a publicação dos aprovados em jornais, rádio, internet.Quando vi que o meu nome constava da lista dos aprovados fui em um cantinho e chorei muito.
Você participa de alguma religião?
Sou católico, apostólico, romano, praticante, com muito orgulho. Apesar de não freqüentar muito a Igreja dos Frades, eu gostava de ir lá, havia as festas, o futebol de salão. Freqüentávamos as quadras do Colégio Piracicabano que ficava na Rua do Rosário com entrada em frente a Rua Dom.Pedro II. Aonde mais convivi, fiz a minha primeira comunhão onde segui a minha educação religiosa, foi na catedral, tempo do monsenhor Francisco Michele. Em minha vida sempre gostei de participar de tudo, era curioso. Gostava muito de jogar bola e ver jogo de futebol. Eu gostava muito de cinema, ia durante a semana, sábado, domingo. Na época havia os cinemas: Palácio (Mais tarde Rívoli, ficava entre a Rua XV de Novembro e a Rua Rangel Pestana, onde hoje há uma igreja, Colonial, na Rua Benjamin Constant quase esquina com a Rua Prudente de Moraes, onde atualmente funciona uma igreja, Politeama que ficava na Praça José Bonifácio, onde hoje é parte do estacionamento do Bradesco, o Broadway, na Rua São José entre a Rua Alferes José Caetano e Praça José Bonifácio, o São José situado na Rua São José entre a Praça José Bonifácio e Rua Governador Pedro de Toledo, no bairro da Paulista, na Rua Benjamin Constant havia o Paulistinha, em cujo prédio funciona uma oficina de freios de automóveis. Assisti filmes inclusive no Plaza que ficava no Comurba (Edifício Luiz de Queiroz) que desabou, era um cinema luxuoso, glamoroso.Até hoje gosto de assistir filmes, só que com a facilidade de assistir filmes em casa acaba se acomodando. Acho importante ir ao cinema, quebra-se a rotina.
A sua vocação pela área de comunicação quando se manifestou?
Desde criança, aos oito ou deis anos meu sonho era ser jornalista e radialista. Não passava em meus anseios nenhuma outra profissão. Duas tias, a Josefa, conhecida como Zezé, já falecida e a Benedita que está viva, ambas quando me encontravam diziam que eu iria ser radialista. Eu brincava de narrar futebol, achava bonita a magia do rádio. Eu admirava como aquela voz que saía do rádio na época usava válvulas para funcionar. Eu achava um encanto aquilo ali. Ser radialista era um sonho que eu tinha. O jornalismo era uma vocação que eu tinha. Aos 10 para 12 anos passei a entregar “O Diário de Piracicaba”, cujo diretor era Sebastião Ferraz. O chefe da seção de entrega era o Seu Antonio. Quem me trouxe ao “O Diário” foi um primo, o Moisés Aparecido Romano. Eu chegava às 4 horas da madrugada para iniciar a entrega do jornal, meu objetivo era estar junto ao jornal, começar, entregar jornal para mim era um detalhe. Eu estava junto com o pessoal que fazia o jornal, encontrava um pretexto para estar ali. Eu trabalhava no Diário, era um “faz de tudo”, tinha um determinado salário, aos 19 a 20 anos eu já estava dentro da redação. Um dia eu estava sozinho na redação do Diário, era o horário de transmissão do programa “A Voz do Brasil”, dás 19 ás 20 horas. Os que iam jantar já tinham ido embora, quem viria a noite iria chegar as 19:30 a 20 horas. Eu ficava sozinho, para receber anúncios, notícias, atender telefones. Um dia Pedro Natividade, que fazia seleção de funcionários para o Lélio Ferrari, entregou um anúncio, o Supermercados Brasil precisava de um gerente. Começamos a conversar, o Pedro disse-me que eu parecia ser um menino inteligente, vivo, se não queria me candidatar ao cargo. Quando ele me falou o salário no dia seguinte fui até o Supermercados Brasil, onde permaneci por uns bons anos. Comecei no Supermercados Brasil da Rua Governador, situado entre a Rua XV de Novembro e Rua Moraes Barros, fui gerente ali. Depois inauguramos a loja no bairro São Dimas, cheguei a ser gerente geral. Em minha passagem pela Rede de Supermercados Brasil, como gerente eu cresci pessoalmente e profissionalmente graças ao relacionamento com o público e funcionários. Aprendi o valor da palavra paciência e a administrar crises e egos. Foi na Rede de Supermercados Brasil que conheci Luiz Antonio Bandeira na época gerente geral, pai do vereador André Bandeira. Lélio Ferrari faleceu, em uma quarta feira de manhã eu deixei de trabalhar no Supermercados Brasil, disse para a minha mãe que iria descansar um pouco e ver o que iria fazer. Fui para Santos, me hospedei no Hotel Avenida, aprendi a ficar ali por ser o lugar onde o XV de Novembro concentrava. Fui para ficar uma semana. A noite tinha um recado, Ary Pedroso da Rádio Difusora, conseguiu saber com a minha mãe onde eu estava. Telefonei-lhe, foi quando ele me disse: “- Retorne que você irá trabalhar conosco na Rádio Difusora”. Fiquei mais uns dois ou três dias em Santos. Voltei, foi quando nasceu a minha vida no rádio.
Você conviveu e convive com profissionais de peso na mídia de Piracicaba.
Sempre tive o privilégio de trabalhar com grandes nomes do rádio e jornal piracicabanos. Pessoas que eram consideradas referências em suas atividades. Minha referência no comércio foi Lélio Ferrari. No esporte foi Romeu Ítalo Rípoli, de quem guardo uma frase: “Valorize sempre o lado positivo da pessoa”. No jornalismo Sebastião Ferraz que me ensinou o profissionalismo de um jornalista, Cecílio Elias Neto com quem aprendi muito. Lembro-me que Sebastião Ferraz alertou-me da importância da dedicação incondicional ao jornalismo. A notícia não tem hora. Quem me levou para a redação de “O Diário” foi Nadir Blumer Pereira que me apresentou à Miguel Célio Hipólito cujo pseudônimo era Duarte Filho, era chefe do departamento de esportes de ”O Diário”, trabalhava como radialista na Rádio A Voz Agrícola e era funcionário da ESALQ. Naquela época todos nós tínhamos dois ou três empregos. À noite dedicávamos ao rádio ou ao jornal. Trabalhei no comércio, fui bancário, trabalhei no Banco Auxiliar, funcionava ao lado da catedral, onde hoje é um restaurante. Prestei um concurso e entrei no Banco da América que ficava na Rua Governador esquina com a Rua Moraes Barros. Pouco depois o Banco Itaú comprou o Banco da América, ficou banco Itaú-América. O Duarte Filho deixou a redação para se candidatar a vereador e me indicou para assumir sua função em O Diário. Sebastião Ferraz a principio me achava muito jovem para ocupar a função, mas acabou aceitando. Permaneci no Diário por muitos anos, fazia toda a parte de esporte, de todas as modalidades de esportes. Os jornais de Piracicaba sempre deram destaque para o XV de Piracicaba, o basquete naquela época era fortíssimo, o futebol amador era muito forte, muito bom, competitivo. Eu gostava de entrevistar todo mundo. Queria saber para que time o Comendador Mário Dedini torcia, entrevistei o Comendador Antonio Romano, Comendador Humberto D’ Abronzo. Eu queria conhecer as pessoas que se destacavam em suas atividades. Com isso conheci muitas pessoas.
O que você começou fazendo na Rádio Difusora?
Na Difusora aprendi muito com muitos (como na redação do Diário de Piracicaba. Devo minha entrada na emissora a: José Roberto Soave, Luiz Gonzaga Hercoton e Ary de Camargo Pedroso. Posso dizer que lá fui muito feliz.
Você chegou a ter programas na Rádio Difusora?
Tive entre eles o “Prefixo Jovem” das 23 horas até a 1 hora da manhã. Era a época da Jovem Guarda, tinha uma grande audiência, até hoje encontro com casais que nem conheço, eles param perto de mim e começam a cantar musicas que foram prefixos do programa dizendo: “Naquela época namorávamos e ouvíamos o seu programa”. Era um tempo em que não havia rádio FM. Quando escolhi esse horário o José Roberto Soave e o Luiz Hercotom me questionaram. Disse-lhes que nesse horário os estudantes estavam saindo das aulas, iria fazer rádio para a jovem guarda.
Como você conheceu Roberto Morais?
Vi Roberto Morais iniciar carreira de radialista e depois político. Um radialista apaixonado pelo que faz. Pensávamos exatamente iguais, por isso deu certo. Um político consciente da sua responsabilidade. A sua seriedade com o trabalho e a lealdade com o eleitor, mais carisma e humildade o levou a sucessivos mandatos. Hoje, um político admirado e respeitado. Eu e o Roberto Morais trabalhos juntos há mais de 30 anos. Construímos uma amizade baseada em lealdade na Difusora e por isso encaramos o desafio da Onda Livre AM deixando a Difusora em 2008 depois de três décadas. Meu grande desafio profissional foi aceitar ir para a Rádio Onda Livre AM. Lourenço Tayar convidou Roberto Morais que me levou junto.
Como explicar o prestígio e a audiência da Rádio Onda Livre AM ?
Uma meta foi traçada. Um objetivo foi definido. Meta: uma empresa sólida alicerçada pela credibilidade. Objetivo: audiência indiscutível baseada na qualidade. Lourenço Tayar é um mestre. Basta observar o que ele fez com a Onda Livre FM e a Gazeta de Piracicaba colocando-os na liderança. Um empresário com habilidade diferenciada. Sabe selecionar gente, montar equipes e as deixa agir com absoluta independência. Tínhamos a certeza de que não seria diferente com a rádio AM.
Mas, o sucesso foi rápido
Observamos prioridades. Havia necessidade de deixar claro o nosso compromisso com o ouvinte, oferecendo-lhe muita informação e prestação de serviço. Priorizamos esporte e jornalismo. Precisávamos recuperar a imagem do rádio AM, desgastado por causa da sua estagnação. Terceira prioridade: valorização do produto. Você encontra camisa por vários preços, só que uma é completamente diferente da outra. A diferença está na qualidade. Nosso compromisso com o cliente é exatamente a relação de confiabilidade. Ele precisa acreditar que seu dinheiro é bem aplicado. Temos a obrigação de lhe dar retorno.