A vida
Eu sinto o sal da vida nos meus lábios
emergindo dos aros das artérias,
amargor de renúncias afrontadas
e agridoce sabor de horas perdidas.
Há uma vida oculta em nossas veias,
por nós intuída em sentimento obscuro
do passado encoberto no futuro
do presente furtado ao nosso amor.
A vida é uma balança cujos pratos
são, de um lado, a esperança e, de outro lado,
o poder da fortuna e da aventura,
e, ao se dobrar o cabo da esperança,
mal se vislumbra, ao longe, no nevoeiro,
a ilha camoniana da ventura.